A melhor forma de entender um povo é olhar para a cultura dele e, no caso do Brasil, isso é ainda mais importante. País de dimensões continentais, cada região carrega em si uma identidade muito forte e própria. Um bom exemplo disso é a música nordestina, diversificada e representativa de diferentes origens que compõem a Região Nordeste.
Com danças, ritmos, cores e expressões distintas, a musicalidade encontrada no Nordeste do Brasil é fruto da miscigenação pela qual nosso país passou ao longo de sua história. Elementos europeus (e não só portugueses), indígenas e africanos foram mesclados, criando uma identidade única, sem precedentes em outros lugares.
Uma musicalidade plural
A pluralidade cultural do Nordeste pode ser vista nas danças, nos ritmos e nos cantos. Nisso, a sonoridade uniu batuques e síncopes africanos, as danças e os instrumentos de sopro das comunidades nativas com toques da música erudita e religiosa, bem como das fanfarras militares dos europeus.
Diferentes agrupamentos europeus chegaram à região ao longo do período colonial: holandeses, espanhóis, portugueses e franceses deixaram uma contribuição. A região também recebeu o maior contingente de africanos escravizados, cada um trazendo consigo elementos ímpares de suas culturas.
Essa união tornou desde cedo a música feita pelos povos nordestinos uma canção engajada, comprometida com as particularidades de quem ali vivia. Do lazer ao lamento que acompanhava os trabalhadores durante a labuta, a música nordestina é uma potência em termos culturais.
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A importância da música nordestina para a cultura brasileira
Não há como pensar em música brasileira sem pensar nos ritmos nordestinos. Do samba ao funk, do rock ao pop, todos os gêneros sofreram algum tipo de influência da música nordestina.
Não só com a inclusão de sonoridades, tempos musicais ou batidas, instrumentos característicos das canções feitas no Nordeste, como também transcenderam o espaço geográfico e ajudaram a moldar outros estilos executados em nosso país. Um dos exemplos mais clássicos é a chegada da sanfona à música sertaneja.
Ainda que o instrumento não tenha origem no Brasil (foi trazido para a América com os colonizadores europeus), ele foi mais absorvido em gêneros tocados nos estados nordestinos. A entrada pela região está intimamente ligada com os soldados que participaram da Guerra do Paraguai.
Conheça os gêneros e alguns artistas importantes da música nordestina
Quando o assunto é a música do Nordeste, existem alguns ritmos que são mais propagados nos estados da região. Podemos citar alguns deles a seguir.
- Baião: ritmo que utiliza viola caipira, sanfona, triângulo, flauta doce, acordeão e rabeca.
- Forró: tocado em bandas com três integrantes, contendo uma sanfona, um zabumba e um triângulo, mistura um pouco de xote, baião e outras variantes.
- Frevo: bem característico de Pernambuco, é uma fusão de quadrilha, maxixe e galope, tocada por uma orquestra de fanfarra (com instrumentos de sopro, percussão, trombone, tuba, trompete e saxofone), geralmente acompanhada de bloco de dançarinos.
- Maracatu: originário de um ritual religioso africano, envolve tambores, alfaias, taróis, ganzás, abês e agogô — todos instrumentos de origem africana.
- Xaxado: fruto do sertão nordestino, o ritmo diz mais respeito à dança do que o uso de instrumentos, já que a sonoridade tem mais ligação com os sons feitos pelas sandálias acompanhados de versos cantados, que geralmente proferem insultos aos inimigos ou enaltecem façanhas.
A música nordestina tem nomes incontestes como Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Mestre Salustiano, Dominguinhos, Quinteto Armorial e Dona Militana. Mas como a música é um elemento orgânico e mutável, outros tantos artistas com características oriundas das regiões que nasceram influenciaram nossa música, como Elba Ramalho, Belchior e Dorival Caymmi.
Desse modo, não podemos nos esquecer do tropicalismo da década de 1960, com artistas como Tom Zé, Caetano Veloso e Gilberto Gil, que ajudaram a moldar uma nova Música Popular Brasileira (MPB), implementando novas estéticas, visando causar uma nova revolução cultural e artística no Brasil.
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Fonte: Brasil de Fato, Brasil Escola, Barulho de Água, Bahia WS