3 legados de Elza Soares para a cultura brasileira

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Elza Soares morreu no dia 20 de janeiro e foi, sem dúvida, uma das maiores vozes femininas da cultura brasileira. Teve uma carreira expressiva em todo o mundo e, em 1999, foi eleita pela British Broadcasting Corporation (BBC) a “voz do milênio”.

Quem foi Elza Soares?

Elza Soares nasceu no Rio de Janeiro, em 23 de junho de 1930. De origem simples, era filha de Avelino Gomes e Rosária Maria da Conceição, ambos mineiros. O pai trabalhava como operário e a mãe era lavadeira.

Elza Soares em 2010. (Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)
Elza Soares em 2010. (Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)

A cantora não teve uma vida fácil. Desde cedo passou por dificuldades e precisou de força para se reinventar. Casou-se aos 12 anos e foi mãe aos 13. Perdeu 4 filhos, 2 ainda pequenos em decorrência de desnutrição, outro de 9 anos em um acidente de carro e, em 2015, perdeu Gilson, de 59 anos, em virtude de uma infecção.

Ela faleceu de causas naturais, aos 91 anos. Seu corpo foi sepultado no Jardim da Saudade Sulacap. A artista estava ativa na cena musical e planejava a gravação de mais um álbum.

A carreira artística

O início de sua carreira aconteceu em 1950, ao fazer sucesso após participar de um programa de Ary Barroso. Elza Soares venceu um concurso da Rádio Tupi e passou a figurar nas paradas brasileiras cantando samba.

Ao todo, foram 34 discos, com inúmeras músicas entre as mais tocadas no Brasil. Só que a cantora não se limitou ao samba: ao longo de sua carreira, passeou por diversos gêneros musicais, entre eles jazz, hip-hop, funk e música eletrônica.

Elza cantando em um programa televisivo de 1967. (Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)
Elza cantando em um programa televisivo de 1967. (Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)

O 1° disco de Soares foi lançado em 1960, pela gravadora Odeon, e intitulado Se acaso você chegasse. Em seguida, nos anos 1970, lançou álbuns com grande influência do samba, como Elza pede passagem, em 1972, Nos braços do samba, em 1975, e Senhora da terra, em 1979.

Nos anos 1980, a cantora pensou em desistir da carreira, mas, com a participação realizada no álbum de Caetano Veloso, voltou à fama. Em 2002, ela mostrou toda sua versatilidade, saindo da sua zona de conforto e lançando o álbum Do cóccix até o pescoço. Esse disco tem músicas de diversos artistas, sendo uma delas de Chico Buarque, composta especialmente para Elza Soares.

Em 2015, a cantora voltou ao topo das paradas com a faixa “A mulher do fim do mundo”, composta por Alice Coutinho e Rômulo Fróes. A música esteve em seu 34° álbum e conta a história de superação e sobrevivência da artista, fazendo analogias ao carnaval. Esse álbum rendeu à cantora uma aparição no Rock in Rio e um Grammy Latino em 2016.

Em 2019, Elza Soares lançou o álbum Planeta fome, que faz referência à 1ª vez em que cantou em público. Na ocasião, a cantora precisava de dinheiro para comprar remédio para seu filho e entrou em um concurso no qual lhe perguntaram: “De que planeta você veio?”. Elza então respondeu: “Do planeta fome”.

Seus principais sucessos incluem: “Salve a mocidade” (1974), “Pranto livre” (1974), “Malandro” (1976), “Volta por cima” (2004) e “Mulher do fim do mundo” (2015).

O legado

A cantora foi exemplo para uma geração que assistiu ao seu crescimento musical. As principais características da artista deixam um legado imensurável.

Resiliência

De vida simples e sofrida, não foram poucas as vezes que ela tinha todos os motivos para desistir. A cantora persistiu e fez o que foi preciso para sustentar os filhos. Assim que sua voz foi descoberta e a sua carreira começou a passos pequenos

Talento

Ao escutarmos a rouca voz de Elza Soares, a reconhecemos imediatamente. A cantora nunca se prendeu a rótulos e usou sua voz para alcançar pessoas, deixando ensinamentos de vida

Alegria

Apesar de ter uma história marcada pelo sofrimento, Elza Soares fazia questão de estar alegre. Durante a preparação do espetáculo em sua homenagem, a cantora revelou ao autor da peça: “Não vai fazer uma tragédia, eu sou alegria”.

A história eternizada de Elza Soares

Em 2018, o jornalista Zeca Camargo publicou a biografia autorizada da cantora. O livro surgiu a partir de mais de 40 horas de depoimentos ao longo de 2 anos e, segundo Camargo, é uma história extraordinária. Nesse mesmo ano, foi lançado um documentário narrando a história de vida de Elza Soares, My name is Now, dirigido por Elizabete Martins Campos. Nele, são apresentadas imagens gravadas especialmente para o documentário e de arquivos.

O ano de 2022 foi o ano de dar adeus a uma grande alma brasileira. Nas palavras de Elza: “Eu vou cantar até o fim”. E foi assim que aconteceu.

Fonte: Estado de Minas, Instituto Brasileiro de Direito da Família, UOL, ebiografia, Extra.

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