A economia criativa é vista como um dos principais motores de crescimento econômico tanto no Brasil quanto ao redor do mundo. É o que apontou um levantamento conduzido pelo Observatório Nacional da Indústria (ONI), que corresponde ao núcleo de inteligência e análise de dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
A pesquisa feita pela entidade e divulgada em 2023 pela Agência Brasil dava conta de que a economia criativa poderia gerar, até 2030, cerca de 1 milhão de empregos. Até 2023, existiam no país 7,4 milhões de trabalhadores cuja atuação fazia parte dessa fatia do mercado.
Apesar de se intuir que os empregos da economia criativa sejam informais, a realidade é que também há aqueles formalizados a partir da Consolidação das Leis do Trabalho, a CLT. Além disso, o mesmo relatório destaca que aqueles que atuam na área possuem, em média, 1,8 ano de estudo a mais, com salários 50% maiores, uma média de R$ 4.018 mensais.
A seguir, entenda em detalhes o conceito de economia criativa, as atividades que compõem esse setor e como fazer uma pós-graduação pode ser um diferencial para quem deseja empreender nesse campo dinâmico.
Em busca de um conceito para economia criativa
A economia criativa pode ser compreendida como a união de fatores como criatividade, inovação e cultura para gerar valor econômico. Por serem amplos, englobam uma série de atividades econômicas, cuja base seja tanto de capital intelectual quanto cultural.
Assim sendo, por meio da economia criativa é possível criar produtos e serviços em diversas indústrias, tais como:
- publicidade;
- arquitetura;
- software;
- cinema;
- música;
- design;
- moda;
- artes;
- dentre outras.
Um pouco da história da economia criativa
Tudo começou na década de 1990, quando o governo australiano utilizou o termo para descrever o impacto econômico da cultura e das artes.
A medida foi registrada no documento Creative Nation, de 1994, o qual diz, de acordo com informações da página 19 do livro “A economia criativa: um guia introdutório”, escrito por John Newbigin e disponibilizado no site do British Council: “uma política cultural também é uma política econômica (…) o nível de nossa criatividade determina substancialmente nossa capacidade de adaptação aos novos imperativos econômicos”.
A partir daí, diferentes países com a intenção de diversificar suas economias e reduzir a dependência de setores tradicionais — como a indústria manufatureira e a agricultura — aplicam a economia criativa para movimentar recursos e gerar postos de trabalho.
Porém, mais do que o potencial de gerar empregos, a economia criativa é igualmente aplicada para estimular a inovação e promover o desenvolvimento sustentável. Essa facilidade em engajar tais frentes se dá, sobretudo, pela valorização do capital humano e da capacidade de transformar ideias em produtos e serviços.
Principais atividades que fazem parte da economia criativa
Como você conferiu antes, a economia criativa é um setor diversificado. Adiante, saiba mais sobre algumas das principais áreas e setores a partir de seu impacto na economia e na sociedade.
Artes e cultura
Quando se trata de criatividade, indústrias como artes e cultura naturalmente se sobressaem. Fazem parte, ainda, subseções como artes visuais, cênicas, literatura e patrimônio cultural.
Por meio desses mercados, cidades, estados e países podem atrair turistas, o que também tem seu grau de importância no que diz respeito ao desenvolvimento econômico local.
Mídia e entretenimento
Incluem-se aqui áreas como cinema, televisão, rádio, jogos, música e publicidade. Todos consistem em plataformas de comunicação com um grande poder de influência cultural.
Além disso, são setores que movimentam grandes quantias em dinheiro, empregando milhões de pessoas. Em 2022, a receita total do setor aumentou sete pontos percentuais no Brasil e 5,4% em nível global.
A partir da análise de 13 segmentos em 53 territórios, a consultoria internacional PwC estima um crescimento contínuo do setor, atingindo a casa dos US$ 41,3 bilhões no Brasil em 2027, especialmente serviços de acesso à internet. No mundo, as receitas são da ordem de US$ 2,8 trilhões, um terço sendo puxado pela publicidade.
Design
Design gráfico, de produtos, de interiores e de moda são diferentes ramificações profissionais que atuam para diferenciar produtos e criar experiências inovadoras.
Esses componentes são importantes durante o processo de construção de marcas e, consequentemente, para fidelizar clientes.
Tecnologia
Áreas de desenvolvimento de software, criação de aplicativos, Realidade Virtual (RV) e Aumentada (RA) e Inteligência Artificial (IA) são as principais quando o assunto é economia criativa.
Essas tecnologias emergentes estão revolucionando a forma como as pessoas criam, distribuem e consomem conteúdo. O que beneficia uma gama de empreendedores que as utilizam.
Moda
Dinâmico e influente, o setor de moda combina arte, cultura, design e negócios, o que tem tudo a ver com economia criativa. É uma indústria extremamente lucrativa, principalmente por frentes como marketplaces e e-commerces.
Dados divulgados pelo Ministério da Cultura dão conta de que o setor de moda pode atingir um faturamento de US$ 1 trilhão em 2025. Em 2022, por exemplo, o Rio de Janeiro gerou 90 mil empregos, sendo 46 mil em regime CLT e 44 mil de Microempreendedores Individuais (MEI), provando que essa fatia da economia criativa é promissora.
Ou seja, em todos esses setores, elementos como a criatividade podem ser transformados em valor econômico, gerando receita e inovação.
Cenário atual e tendências da economia criativa
Já apresentamos alguns dados, mas existem outros que comprovam o potencial da economia criativa. No Brasil, o setor é uma das principais forças econômicas do país, representando 3,11% do PIB brasileiro com 7,5 milhões de pessoas empregadas em 130 mil empresas.
Entre os principais motores do crescimento da economia criativa estão:
- valorização da criatividade como diferencial competitivo;
- aumento do consumo cultural;
- digitalização dos negócios.
Já em nível global, a economia criativa também está em expansão. Reino Unido, Coreia do Sul e China investem fortemente no setor, dada sua importância para ampliar a competitividade global, como também ressalta o então presidente do Conselho Consultivo para Artes e Economia Criativa do British Council, John Newbigin, no livro citado anteriormente, “A economia criativa: um guia introdutório”.
Tendências em alta na economia criativa
A digitalização está transformando diferentes formas de criar produtos e serviços criativos. Seja por meio de plataformas digitais, redes sociais e tecnologias emergentes como IA e blockchain, uma série de empreendedores têm aproveitado o meio digital para ganhar dinheiro.
Junto com o digital também ganha os holofotes a agenda da sustentabilidade. A economia circular, por exemplo, é um conceito que se destaca na economia criativa, promovendo a reutilização e reciclagem de materiais e produtos. O que é uma solução para a geração crescente de resíduos sólidos.
De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, são gerados 80 milhões de toneladas de lixo por ano no Brasil, sendo que somente 4% desse total é reciclado. Os dados foram divulgados pela Agência Brasil.
Por fim, fatores como a globalização e a internacionalização moldam o futuro da economia criativa, ampliando mercados em escala global para quem deseja se aventurar na área.
Pós-graduação ajuda profissionais a empreenderem na economia criativa
Lembra-se que na introdução deste artigo destacamos como os profissionais que atuam na economia criativa possuem mais formação do que aqueles que atuam em outros setores? Pois é, existem inúmeras oportunidades para empreendedores. Porém, elas costumam exigir conhecimentos e habilidades especializadas.
Assim, fazer uma pós-graduação pode ser um diferencial, proporcionando as ferramentas necessárias para se destacar nesse setor.
A seguir, entenda as vantagens que você pode adquirir ao fazer uma pós-graduação para se tornar ainda mais eficiente na economia criativa.
Foco no empreendedorismo
Programas de pós-graduação geralmente incluem disciplinas sobre empreendedorismo, ajudando quem estuda a desenvolver as competências e habilidades para criar e gerir negócios de sucesso.
Planejamento estratégico, gestão de projetos, inovação, marketing digital e finanças são alguns dos tópicos abordados na ocasião.
E, não raro, as instituições oferecem diretamente ou com a ajuda de parceiros programas para auxiliar seus estudantes a criar startups ou planos de negócios para novos produtos ou serviços. É comum, ainda, o apoio de mentores e especialistas, oferecendo suporte ao longo do desenvolvimento dos projetos.
Desenvolvimento de habilidades
Uma pós-graduação costuma focar em habilidades como pensamento criativo, resolução de problemas, comunicação, liderança e trabalho em equipe. Essas habilidades são fundamentais para que um negócio dê certo na economia criativa
Em paralelo, os estudantes de pós podem participar de ocasiões especiais, envolvendo cursos e workshops de assuntos diversos, como design, produção de conteúdo, análise de dados e uso de tecnologias emergentes.
Networking
Fazer uma pós-graduação também é uma excelente oportunidade para quem deseja atuar na economia criativa possa estabelecer conexões com outras pessoas.
O que, por sua vez, favorece a troca de conhecimentos e experiências. Ainda: facilita a estabelecer possíveis parcerias de negócios.
É comum que os próprios programas de pós promovam eventos, palestras e workshops, criando um ambiente que contribui para formar as redes de contato.
Ou seja, a economia criativa é um setor vibrante, cheio de oportunidades para quem quer aproveitar o potencial da criatividade, inovação e cultura. E fazer uma pós-graduação pode ser um diferencial na medida em que você adquire novas habilidades, conhecimentos e redes de contato para conduzir um negócio.