O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) tem um perfil multidisciplinar, fazendo que muitos temas da Filosofia estejam entre as questões abordadas no teste. A disciplina é fundamental, pois permite que possamos lidar com conceitos importantes da vida em sociedade, como política, ética e moral.
Algumas provas têm optado por compor um perfil mais amplo de questões, que exigem do estudante concentração, estudo e leitura para interpretar textos complexos. É possível centralizar o estudo da Filosofia em tópicos considerados mais importantes sob a ótica acadêmica. A seguir, confira seis deles.
Um tema que provavelmente deve ser abordado nas próximas provas do Enem são as mudanças no mercado de trabalho e nas relações mantidas entre os profissionais e os contratantes. Trata-se de um contexto que impacta economicamente o país, com a diminuição de postos de trabalho e o aumento da informalidade, assim como a natureza do trabalho em si.
É preciso, então, atentar-se às tantas mudanças que estão ocorrendo: há, por exemplo, a flexibilização das leis trabalhistas (potencializada pela reforma da previdência) e um fenômeno chamado de plataformização do trabalho, com cada vez mais pessoas vendendo serviços a partir de plataformas, como Uber e iFood, que intermedeiam essa relação.
Com isso, pensa-se em trabalhadores mais alienados nas funções, menos protegidos pela legislação e, muitas vezes, enfrentando situações de precariedade na vida profissional.
O pensamento sobre ética e moral permeia a base da Filosofia desde o início. Filósofos como Aristóteles, Platão e Sócrates se debruçaram sobre esse tema, estudando de que forma os sujeitos se portam na vida em sociedade.
É importante lembrar que a ética se volta à reflexão sobre os princípios que regem as ações. Enquanto a ética pretende ser universal, a moral discute os valores e os costumes em uma sociedade específica.
A moral pensa nos elementos que são determinados pela cultura e que, por isso, podem se modificar com o tempo, tornando-se imorais (inadequados em uma sociedade) ou amorais (avessos a uma avaliação de moralidade). Ética e moral são temas relevantes principalmente em anos de processos eleitorais, tendo mais chance de serem abordados no vestibular.
As mudanças nas relações de trabalho também chamam a atenção para os conceitos elaborados pelo filósofo alemão Karl Marx (1818-1883). Ele observa a história das sociedades, como a luta de classes, que precisam ser levadas em consideração ao observar determinada realidade.
Essa luta se dá devido à busca do capital, em um sistema de distribuição desigual e exploratório para o lado dos proletários. Nesse contexto, os donos dos meios de produção enriquecem por conta da mais-valia (a diferença entre o valor do trabalho e o que é pago por ele), que enriquece o patrão, e a alienação dos proletários nas funções.
As ideias do sociólogo francês Émile Durkheim (1858-1917) se concentram no conceito de fato social e consciência coletiva. Segundo as teorias, o fato social descreve as maneiras de agir dos indivíduos em determinado grupo.
Esses fatos moldam as pessoas a partir da influência que exercem sobre elas. Assim, os conjuntos de hábitos, que são realizados a partir de ações, permitem que as pessoas desenvolvam um sentimento de consciência coletiva que age por trás delas.
O filósofo e sociólogo Max Weber (1864-1920) tem sido um assunto bastante cobrado no vestibular por conta das conexões entre as ideias dele e o contexto atual, especialmente o político. O conceito mais importante é o da ação social, em que explica que o tipo de conduta realizada por um indivíduo tem sentido tanto para ele quanto para os que são afetados pela ação.
Desse modo, uma ação social (como o ato de abraçar alguém) se constitui como ação a partir da intenção do autor de manifestar carinho por meio do abraço, assim como a resposta que deseja do interlocutor, de aceitar ou não a mensagem.
Segundo Weber, os estudos da Sociologia precisariam se voltar à investigação dessas ações sociais dentro do contexto das interações humanas, entendendo como elas recebem sentido.
A Escola de Frankfurt envolve os estudos de um grupo de pesquisadores alemães, situados em Frankfurt (daí o nome da escola) e que se dedicaram a estudar como os meios de comunicação de massa interferem na constituição de uma sociedade baseada no consumo.
A popularização dessas mídias teria como uma das consequências a alienação das massas, que, em vez de se questionarem sobre a situação exploratória em que vivem, acomodam-se. Nesse cenário, os indivíduos passam a ser “acalmados” pelos produtos de entretenimento que recebem, deixando de se indignar contra a exploração que sofrem.
A partir dessa discussão, os filósofos criaram o conceito de Indústria Cultural, que explica como as mídias mercantilizam a cultura, tornando-a um bem de consumo como qualquer outro e afastando-a de um conceito de arte. Tópicos como esse também podem ser tema de redação no vestibular.
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Fonte: Notícias Concursos, Stoodi