O roteiro de vida profissional para o qual muitos se preparam é linear: escolher um curso superior e conquistar o diploma e depois subir cada degrau na carreira selecionada no vestibular. Contudo, o mercado de trabalho está se tornando cada vez mais aberto para caminhos diferentes, com mudanças de função e transições.
“Minha geração teve em média sete empregos. A geração atual chega a ter sete atividades simultaneamente”, afirmou o ex-economista-chefe do Bradesco Octávio de Barros, em entrevista ao jornal Estadão. Sendo assim, é normal fazer graduação em uma área e atuar em outra ou decidir fazer novos cursos no meio do caminho. Também é perfeitamente compreensível que hoje o profissional mude de emprego com mais frequência que nas gerações anteriores, quando eram dedicados 10 ou 20 anos para a mesma empresa.
Não é possível cravar um número com exatidão, mas estimativas apontam que os profissionais que estão entrando agora no mercado de trabalho seguirão até cinco carreiras. Nesse contexto, escolher bem o curso no vestibular continua sendo um passo essencial, mas é ainda mais importante se preparar para um ambiente de mudanças, com abertura para novas experiências.
Falar em tantas mudanças pode deixar algumas pessoas inseguras, afinal é necessário começar do zero em todas as profissões. Mas essa questão pode ser analisada pelo viés da liberdade que esse modelo de vida profissional oferece para buscar novos desafios, seguir outros interesses ou embarcar nas tendências do mercado.
Um dos motivos para isso é que as novas gerações têm uma visão diferente da vida profissional: mais do que uma forma de ganhar o sustento, o trabalho deve ser uma fonte de realização pessoal. Como é comum que os interesses e os planos mudem ao longo da vida, é bom ter liberdade para seguir diferentes carreiras que tenham mais a ver com o momento.
Também é importante ponderar que as pessoas estão vivendo mais e permanecendo ativas por mais tempo, de modo que há mais possibilidades para seguir novos interesses. Em vez de planejar a aposentadoria aos 60, como os avós, hoje com essa idade é possível estar pensando na próxima transição de carreira.
Falando em décadas no futuro, diversas profissões vão deixar de existir e outras podem surgir. Há dez anos, pouco se falava de uma carreira como analista de mídia social, por exemplo, enquanto diversos jovens faziam cursos de Datilografia até os anos 1980. Até mesmo profissões tradicionais, como a medicina, transformam-se com uma velocidade impressionante — a medicina robótica, por exemplo.
Nesse contexto, é preciso estar disponível para assumir novas funções e buscar oportunidades, mesmo que estejam fora da formação original. A ideia de se especializar profundamente em apenas uma área cai por terra, para que os profissionais com maior capacidade de se adaptar às mudanças cresçam.
Então, escolher um curso superior com o qual se identifica continua sendo importante, mas é possível buscar estágios em áreas que não sejam exatamente o que se estuda — já é bastante comum encontrar ofertas de vagas que aceitam alunos de qualquer curso. Além disso, é bom manter leituras variadas, ter contatos diferentes daqueles que trabalham na mesma área e testar novos hobbies ou habilidades — a nova carreira pode derivar de alguma dessas coisas.
Quando chegar o momento de fazer uma transição de carreira, talvez não seja necessário começar “do zero”. Por um lado, é preciso aprender os aspectos técnicos da profissão, e o salário pode ser menor até evoluir na nova carreira, mas as habilidades comportamentais e a experiência de vida são levadas para a nova função.
Em resumo, o ambiente de mudanças pode gerar algumas inseguranças, mas as pessoas que estiverem abertas para isso encontrarão muito mais oportunidades para alcançar a realização na carreira — ou, melhor, em diferentes carreiras.
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Fonte: Estadão, BBC, Você SA.