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De 4 em 4 anos, os olhares do mundo inteiro se voltam para uma cidade no mapa: a sede dos Jogos Olímpicos. Todos querem ver os atletas superando os limites do esporte e emocionando a torcida com suas conquistas e medalhas.
Com tanta atenção, é compreensível que qualquer discussão iniciada nas Olimpíadas tome grandes proporções. Desse modo, ao longo das edições, o evento esportivo já se tornou palco para debates sociais relevantes e momentos que ficaram marcados na história do século 20 — e que devem ser lembrados pelas próximas gerações. Confira alguns deles.
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Os Jogos Olímpicos de Tóquio estão acontecendo 1 ano depois do previsto por conta da pandemia de covid-19, mas já houve ocasiões em que as Olimpíadas tiveram que ser totalmente canceladas, por exemplo durante a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais.
As Olimpíadas de 1916 seriam disputadas em Berlim e foram canceladas com o início da Primeira Guerra, 2 anos antes. A próxima edição aconteceu em 1920, em Antuérpia, na Bélgica. A Alemanha — que perdeu a guerra — foi proibida de participar.
Durante a Segunda Guerra, duas Olimpíadas deixaram de acontecer: a de 1940, prevista para ser em Tóquio, e a de 1944, programada para acontecer em Helsinque. Os jogos voltaram apenas em 1948, em Londres, com vetos às participações de Alemanha e Japão.
Berlim ganhou o direito de sediar as Olimpíadas de 1936. Porém, em 1933, Adolf Hitler ascendeu ao poder como chanceler e implantou o regime nazista no país. No meio-tempo entre a ascensão do nazismo e as Olimpíadas, a possibilidade de mudar a sede foi cogitada, mas o Comitê Olímpico Internacional decidiu manter Berlim.
Hitler estava dedicado a fazer dessas Olimpíadas uma grande propaganda da suposta supremacia ariana. O Partido Nazista selecionou os atletas que iriam participar “a dedo” e impediu judeus alemães de participarem. Judeus de outros países se recusaram a ir a Berlim e clamaram por boicotes. Ainda assim, os jogos aconteceram, e a grande estrela foi um afro-americano com quatro medalhas de ouro no atletismo: Jesse Owens.
No entanto, é interessante observar que os Estados Unidos viviam questões muito graves de preconceito contra os negros, o que também afetou Owens. Ele não recebeu alguma honraria presidencial por suas vitórias por ser negro, por exemplo. Race, sua cinebiografia, mostra um pouco desses desafios enfrentados pelo atleta.
As Olimpíadas de 1956 foram realizadas em Melbourne, Austrália, sendo os primeiros jogos no Hemisfério Sul movimentados por questões políticas.
Para começar, quatro países boicotaram as Olimpíadas em protesto à invasão do Egito durante a Crise de Suez. Outros três países se recusaram a participar por causa da presença da União Soviética e a repressão dela aos protestos na Hungria.
Aliás, essa relação rendeu um dos momentos mais dramáticos da história olímpica: o jogo de polo aquático entre os dois países. As tensões eram tantas que os jogadores começaram a se agredir fisicamente na piscina, até que um soviético deu um soco na estrela do time húngaro e ele teve que deixar o jogo sangrando muito.
O público quis invadir a piscina para agredir os soviéticos, mas a partida foi paralisada, com a vitória declarada para a Hungria, que já estava vencendo de 4 a 0. Os húngaros conquistaram a medalha de ouro, e muitos deles desertaram para o Ocidente após as Olimpíadas.
O preconceito racial e a luta pelos direitos civis dos negros também teriam um papel importante nas Olimpíadas muitas décadas depois de Jesse Owens. Após ganhar a corrida dos 200 metros livres, o americano Tommie Smith e seu colega com a medalha de bronze, John Carlos, subiram ao pódio com os punhos para cima, com luvas pretas.
O gesto é frequentemente associado ao partido dos Panteras Negras, mas também aos ideais do “Black Power”, representando a luta pelos direitos dos negros. O corredor com a medalha de prata, o australiano branco Peter Norman, não fez o mesmo gesto, porém vestiu uma camisa com um símbolo dos direitos humanos, para apoiar os colegas.
Na época, os três receberam duras críticas por um “posicionamento político que não teria espaço nas Olimpíadas”. O Comitê Olímpico Internacional baniu Smith e Carlos de qualquer competição, enquanto Peter Norman deixou de ser convocado pelo seu país, mesmo com índices olímpicos. Nas décadas seguintes, contudo, a visão mudaria e os três seriam reconhecidos por seu ato corajoso contra o racismo.
Esse, talvez, seja um dos capítulos mais tristes da história das Olimpíadas, mas um dos que mais demonstram como o evento esportivo está associado à história e à geopolítica.
Pouco antes do amanhecer do dia 5 de setembro de 1972, oito integrantes do grupo palestino “Setembro Negro” invadiram os apartamentos dos atletas israelenses, fazendo 11 reféns.
Dois deles, que tentaram lutar contra os invasores, foram mortos no início do sequestro. Os outros nove permaneceram em poder dos sequestradores por algumas horas, enquanto eles tentavam negociar a soltura de 234 presos palestinos.
O governo de Israel se recusou a negociar com os terroristas e a polícia alemã tentou resolver a questão. Os palestinos, então, conseguiram um avião para viajar a um país árabe com os reféns e os alemães pensaram em encurralá-los no aeroporto.
Contudo, a polícia alemã não estava preparada para uma situação como essa, de modo que os terroristas perceberam o plano e o sequestro teve o fim mais trágico possível: todos os nove reféns foram assassinados com tiros e granadas, antes que os terroristas também fossem mortos. Os jogos ficaram parados por 24 horas, mas terminaram. Israel iniciou a Operação Ira de Deus para caçar os sequestradores sobreviventes.
A Guerra Fria estava chegando ao fim, mas passando por momentos tensos, quando a União Soviética preparou os Jogos de 1980 em sua capital, Moscou. No ano anterior, o país socialista havia invadido o Afeganistão, o que foi o motivo oficial para um boicote dos Estados Unidos aos Jogos. Outros 69 países aderiram ao movimento, fazendo com que os Jogos de Moscou tivessem o menor número de delegações, à época (80).
Em 1984, as Olimpíadas foram realizadas em Los Angeles, e foi a vez dos comunistas devolverem o boicote. A Romênia, mesmo fazendo parte do bloco, ignorou a vontade do governo soviético e chegou ao segundo lugar do quadro de medalhas naquele ano.
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As Olimpíadas de 1992 foram as primeiras após o fim da União Soviética e da Guerra Fria. Os países do bloco, então, competiram sob a bandeira olímpica, como Comunidade dos Estados Independentes. Esse time acabou liderando o quadro de medalhas nas primeiras primeiras Olimpíadas sem nenhum boicote desde 1972.
Além disso, foi a primeira vez que a Alemanha participou novamente das Olimpíadas como um único país e que a África do Sul pode competir desde 1960. O país era banido por causa do Apartheid.
As crises de refugiados, na América do Sul e na Europa, estão entre as discussões mais importantes da geopolítica atual. Em 2016, o Comitê Olímpico Internacional lançou luz sobre esse debate, anunciando a criação de um time olímpico para esses atletas, que fez sua estreia nos Jogos Olímpicos de 2016, aqui, no Rio de Janeiro. O time voltou a competir em Tóquio 2020, com 29 atletas.
Agora, em Tóquio 2020, diversos atletas estão levantando bandeiras políticas pessoais durante os jogos, como a tenista afro-japonesa Naomi Osaka, contra o preconceito, ou a ginasta norte-americana Simone Biles, falando sobre saúde mental. A boa notícia este ano é que o Comitê Olímpico Internacional reduziu restrições a pronunciamentos de competidores. Isso quer dizer que vem mais história por aí.
Fonte: Guia do estudante, Hypeness, Politize, Nexo.