Epidemia de dengue: como ela pode cair na prova do Enem?

A epidemia de dengue fez sintomas como febre alta, dor nos músculos e articulações, vômito, cansaço e manchas na pele estarem entre as principais queixas nas unidades de pronto atendimento em 2024. O número de pacientes com dengue explodiu e fez da doença um dos principais problemas recentes na saúde pública do Brasil.

Por isso, o assunto é superquente para cair no Enem. E, como a prova é conhecida por estimular o estudante a compreender os problemas de modo crítico e contextualizado, é importante ficar por dentro dos motivos que fizeram os números de casos e óbitos decorrentes de dengue crescerem tanto nos últimos meses. Saiba mais sobre eles aqui!

Epidemia de dengue em 2024: o que mudou em relação aos outros anos

Segundo o Ministério da Saúde, até maio de 2024 foram registrados 4,7 milhões de casos prováveis de dengue em todo o país. Os óbitos, àquela altura chegaram a 2,5 mil. 

Para se ter ideia de como a situação é preocupante, em 2020 houve apenas 4 mortes confirmadas por dengue por aqui. Mas em 2022 e 2023, esse número chegou a quatro dígitos, acendendo o sinal de alerta.  

Em 2024, o primeiro semestre já apresenta cerca de quatro vezes mais casos que todo o ano anterior, e o número deve se manter elevado por conta das altas temperaturas, das fortes chuvas e dos alagamentos que contribuem para a ocorrência de água parada, criadouro do mosquito. Com isso, pode-se terminar 2024 com um número de óbitos maior que a soma das duas décadas anteriores. 

Como a epidemia de dengue pode ser abordada na prova do Enem

Descubra diferentes formas como o aumento expressivo dos casos de dengue no Brasil em 2024 pode ser abordado na prova do Enem e se prepare!

1. Mudanças climáticas podem ser consideradas causas do aumento dos casos de dengue

As provas de Biologia e Geografia são craques em abordar as mudanças climáticas. Por isso, é possível que a epidemia de dengue seja um bom gancho para tratar de questões ambientais. 

É bem verdade que o planeta experimenta transformações climáticas sem a ação humana, a exemplo das eras geológicas com maior glaciação. Mas a ciência tem percebido que o modo de produção e de consumo atual é predatório diante do ritmo da natureza, contribuindo ativamente para um desequilíbrio. Ou seja, o ser humano afeta diretamente o clima do globo, interferindo na temperatura, na precipitação e em vários outros fenômenos. 

Pela centralidade da doença nesse período, é possível também que ele apareça como tema de redação e que os textos de referência façam a relação entre a dengue e as mudanças climáticas, pedindo do candidato uma proposta de intervenção diante do problema. 

2. Ecologia pode abordar a epidemia de dengue

Outro tema recorrente no Enem é ecologia. Em quase todos os anos, a prova aborda o modo de funcionamento dos habitats e dos biomas, e o comportamento de populações de diferentes espécies que vivem neles. Por isso, o caso da dengue pode ser uma oportunidade para os avaliadores pedirem que o estudante relacione os conceitos dessa área com um tema da atualidade.  

É esperado, ainda, que o Enem cobre não apenas a dinâmica do Aedes aegypti, vetor de transmissão da dengue, mas também a potencial alteração que pode ocorrer em outros níveis tróficos a partir do surgimento de uma superpopulação de mosquitos. Por exemplo, os sapos se alimentam tanto das larvas como dos insetos adultos e, ao interferir no ciclo do mosquito, impactam na curva epidemiológica da doença. 

3. A epidemia de dengue pode ser tratada em microbiologia 

Outro ponto que pode ser abordado no Enem é a dinâmica celular da dengue. As questões de microbiologia podem fazer isso tanto do ponto de vista dos quatro tipos de vírus que o mosquito pode transmitir quanto das alterações celulares que ocorrem no metabolismo humano. 

Uma abordagem prática possível são os desafios para a produção de vacinas. Atualmente, os cientistas detectam a circulação de quatro tipos de sorotipos virais e quase 20 genótipos, tornando mais complexo atingir a eficácia ideal nas diferentes formas de vírus causadores da dengue.  

Ao mesmo tempo, percebeu-se que os casos de adoecimento mais graves são aqueles em que o paciente já contraiu dengue em algum momento e, mesmo com imunidade para o vírus original, é infectado novamente com outro sorotipo. Por isso, é importante que a vacina seja capaz de cobrir todo o espectro viral.  

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4. Socialmente, o Enem pode falar da dengue como um problema de saúde coletiva 

A saúde coletiva é um campo do conhecimento que se preocupa com as condições sociais, culturais e políticas das práticas em saúde, e não apenas com a dimensão biomédica. Esse horizonte é fundamental para compreender a epidemia de dengue: não é possível entender o fenômeno sem considerar a falta de saneamento básico e as transformações climáticas, por exemplo. Pela natureza do Enem, esse tópico é muito relevante, 

Um modo de apresentação típico seriam questões que relacionam a densidade da área ocupada nas principais cidades brasileiras com o crescimento no número de casos e de óbitos, sugerindo que o modelo de ocupação do solo urbano e a ausência de reformas urbanas estruturais, temas recorrentes no Enem, impactam na ocorrência da doença.  

As políticas públicas também são determinantes. A capacidade limitada do poder público em ofertar assistência em períodos de epidemias pode recuperar o debate da COVID-19 e também cair na prova, seja nos cadernos temáticos, seja na redação. Mesmo a iniciativa privada possui um gargalo na oferta de cuidados, a depender do tamanho da epidemia ou pandemia. 

5. A vacinação contra dengue também pode ser um tema de questão

O mesmo pode ocorrer com a vacinação contra a dengue. Por um lado, o Brasil conta hoje com a expertise do Sistema Único de Saúde (SUS), que já vacina com eficiência uma população de mais de 200 milhões de pessoas em um país de dimensões continentais. Por outro, é um desafio para o poder público dar conta rapidamente de um pico epidemiológico e cobrir a vacinação universal em pouco tempo.  

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Vale destacar que a opção prioritária do Brasil em vacinar crianças e adolescentes contra a dengue ocorre por uma conjugação de fatores biomédicos e sociais: esse é um público com alto grau de hospitalização e que respondeu mais satisfatoriamente aos testes com o insumo, otimizando o recurso em termos populacionais. Abordagens como essa, que integram variáveis técnicas das decisões políticas são fortes candidatas a caírem na prova. 

Além disso, a dengue poderia ser explorada como um gancho para fenômenos como o movimento antivacina, que é um desafio para a sociedade civil avançar na prevenção de doenças. Nem sempre é fácil identificar os limites dos direitos individuais e das obrigações coletivas. Tensões como essa podem ser usadas na redação, sobretudo após o período de pandemia, que deu uma centralidade definitiva aos assuntos sanitários. 

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