9 de julho: a importância da Revolução Constitucionalista 

Conhecida também como como Guerra Paulista, a Revolução Constitucionalista de 1932 é celebrada no estado de São Paulo desde 1934 e a comemoração é feriado nacional desde 1997. O movimento foi instaurado por paulistas, que não aceitavam a tomada de poder pela junta militar nacional encabeçada por Getúlio Vargas, e pediam uma nova constituição.  

Do outro lado, soldados de outros estados brasileiros defendiam o novo governo e o fim da chamada República do Café com Leite, que intercalava um paulista e um mineiro na presidência a cada nova eleição desde 1989.  

Após quatro meses de confronto e centenas de mortos, São Paulo se rendeu e o conflito teve fim. Mas se o estado perdeu a guerra, por que comemora até hoje esse fato histórico ao ponto de instituir um feriado estadual para lembrá-lo? Entenda o que aconteceu.  

Veja também: A história do coração de Dom Pedro I

O que foi a Revolução Constitucionalista 

Antes de conhecer o conflito, é importante se aprofundar no contexto político e social daquele tempo. Pois, vamos lá.  

Antecedentes históricos da Revolução Constitucionalista 

Anúncios foram espalhados por todo o estado de São Paulo convidando a população paulista para lutar por uma nova constituição e o fim do Governo Provisório de Vargas. (Fonte: Wikimedia Commons) 

Depois da Proclamação da República, de 1989, o Brasil passou a ser governado por oligarquias regionais – grupos que concentravam muito dinheiro e prestígio e tinham grande influência na política nacional.  

À época, o país era majoritariamente agrário e os proprietários de fazendas de café e gado de São Paulo e Minas Gerais se intercalavam na presidência: em uma eleição quem ganhava era um mineiro e, na outra, um paulista. O momento ficou conhecido como Política do Café com Leite, já que Minas produzia leite e São Paulo era a maior potência cafeeira do Brasil. 

Mas em 1930, às vésperas da posse de Júlio Prestes, fazendeiro paulista que assumiria o cargo de presidente, a junta militar brasileira tomou o poder em um golpe de estado e empossou o gaúcho Getúlio Vargas, anulando a constituição da época e instaurando um governo provisório. 

Vargas prometeu abrir novas eleições, mas, em vez disso, nomeou interventores em cada estado e seguiu governando de forma autoritária, o que passou a incomodar especialmente as elites paulistas. 

Em janeiro de 1932, uma manifestação popular na praça da Sé, na cidade de São Paulo, pediu uma nova constituição. Em 23 de maio, um grupo tentou invadir o Partido Popular Populista (PPP), na capital do estado, em protesto a apoiadores de Getúlio, que estavam no prédio.  

Quatro manifestantes (Mário Martins de Almeida, Euclides Bueno Miragaia, Dráusio Marcondes de Sousa e Antônio Américo Camargo de Andrade) foram alvejados e morreram no local, gerando uma ampla comoção que levou milhares de pessoas ao front. 

Conhecidos pela sigla M.M.D.C., os jovens assassinados representaram o estopim para que o estado de São Paulo instaurasse uma guerra contra o resto do Brasil, que apoiava Vargas. As mortes tiveram um apelo tão simbólico que comoveram ainda mais as massas, tornando a causa constitucionalista um fenômeno popular e não restrito apenas à elite.  

Após a morte de quatro manifestantes, a Revolução Constitucionalista ganhou ampla adesão popular em São Paulo. (Fonte: Wikimedia Commons) 

Embora não se saiba ao certo o número de mortos nos confrontos, há registros de centenas e alguns deles estão sepultados próximo em um obelisco no Parque do Ibirapuera, chamado Obelisco Mausoléu aos Heróis de 32. 

Mesmo tendo perdido a guerra, paulistas comemoram o movimento até hoje porque dois anos depois, em 1934, foi lançada uma nova constituição. E, para alguns historiadores, Getúlio Vargas só não instaurou uma ditadura naquela fase por receio de um novo levante – o presidente só deu um golpe cinco anos depois.  

Você sabe quais são as atribuições do presidente da república? Conheça aqui!

Como 9 de julho se tornou feriado? 

São Paulo celebra a Revolução Constitucionalista desde 1934, quando foi lançada uma nova constituição. Mas só em 1997 o dia 9 de julho se tornou feriado, em memória ao início da guerra civil, que acabou no mês de outubro de 1932. Em 2004, o MMDC foi ampliado, com a inclusão da letra “A” em homenagem a Orlando de Oliveira Alvarenga, que foi ferido no confronto de 23 de maio e morreu dois meses depois de ter sido internado.  

Gostou desse conteúdo? Inscreva-se no vestibular do Mackenzie! 

82180cookie-check9 de julho: a importância da Revolução Constitucionalista