Atualmente o Brasil conta com cerca de 30 milhões de mulheres que têm seu próprio negócio, de acordo com dados do Global Entrepreneurship Monitor. O número é impulsionado pelas condições socioeconômicas das empreendedoras e tende a adquirir um papel cada vez mais importante na economia e na sociedade brasileira.
Somente no período da pandemia, a quantidade de representantes femininas na função cresceu 40% no País. A informação é da última pesquisa da Rede Mulher Empreendedora (RME), grupo de apoio a empreendedoras brasileiras. O aumento fez com que elas passassem a ocupar 48% do mercado empreendedor.
O número reflete um cenário de necessidade. Isso porque esse fenômeno pode ser explicado pela crise causada pelo coronavírus, que teve, entre suas consequências, a redução da renda ou mesmo perda de empregos formais em inúmeros setores. Nesse contexto, foi preciso achar soluções para manter o sustento da casa.
A maior parte das novas empresárias têm entre 22 e 35 anos e os setores mais apostados foram alimentação, beleza, estética e moda.
O período pandêmico trouxe mais desafios do que o normal para quem deu início a um novo negócio, como a necessidade de digitalização e a conciliação do trabalho online com a rotina em casa. Para as mulheres, principalmente, isso significa aliar a jornada profissional com afazeres domésticos e auxílio na educação dos filhos. Apesar de poderem ser feitas por homens, essas tarefas são socialmente atribuídas a elas.
Essas variáveis afetam a possibilidade de crescimento e o dia a dia das empreendedoras, mas são praticamente irrelevantes se comparadas ao problema da violência doméstica. Das 2.736 mulheres ouvidas na pesquisa da RME, 34% relataram ter sofrido algum tipo de agressão em suas relações conjugais. Por outro lado, 48% tiveram no empreendedorismo a chance que precisavam para sair de relacionamentos abusivos.
Ter mais mulheres a frente de empreendimentos no país representa não só uma alteração na conjuntura econômica, mas também uma mudança social significativa.
Maior representatividade feminina em posições de poder, como na liderança de grandes corporações ou a frente de pequenos negócios, também contribui para essa mudança, dando visibilidade às questões de gênero, além de inspirar outras mulheres.
“A mulher quando melhora suas condições, principalmente financeira, investe mais na educação dos filhos, apoia sua comunidade, assiste seus familiares. Além disso, a mulher contrata outras mulheres que vão reagir a essa melhora da mesma forma, potencializando mais pessoas.”, comenta Ana Fontes, presidente da Rede e do Instituto Rede Mulher Empreendedora.
Em nível econômico mundial, o Brasil é o sétimo país com maior nível de empreendedorismo feminino. Em relatório, o Boston Consulting Group (BCG) demonstra que mulheres empreendedoras conseguem provocar um aumento de cerca de US$ 5 trilhões no Produto Mundial Bruto.
Apesar da evolução do empreendedorismo feminino no Brasil e no mundo, as mulheres ainda sofrem com uma série de desigualdades em comparação com os homens no ambiente profissional.
A primeira delas reside na questão financeira. Dados colhidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) entre 2012 e 2018, demonstram que o salário delas é cerca de 22% menor que o recebido por pessoas do sexo masculino, mesmo com um nível de escolaridade mais alto e no exercício da mesma função.
Elas também podem ser afetadas por situações que, mesmo previstas em lei, podem ser prejudiciais: é o caso da licença-maternidade, que retira a mulher de seu ambiente de trabalho e pode atrasar seus objetivos de carreira, por conta da falta de preparo do mercado para essa pausa.
Todos esses impedimentos demonstram ainda mais a coragem das mulheres que se propõem a encarar o caminho do empreendedorismo no Brasil.
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Fonte: Minha Vida, ANMT, Guia da Carreira, Terra, Infomoney, Jornal Contábil, Psicologia Viva, Simecat, Veja, Conexa Saúde.