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De acordo com cientistas do Serviço de Mudança Climáticas Copernicus (C3S) da União Europeia, setembro foi o mês mais quente já registrado no mundo. Um calor fora do normal foi observado em diversas partes do mundo, como Austrália, América do Sul, Oriente Médio e Sibéria, superando em 0,5 °C as temperaturas médias registradas em setembro de 2019.
O aquecimento é resultado do processo de emissão de gases de efeito estufa em longo prazo. As altas temperaturas de 2020 tiveram grande influência em eventos climáticos mais extremos, como as fortes tempestades que provocaram inundações na Ásia e a extrema seca que gerou a temporada recorde de incêndios na Califórnia, além da segunda maior diminuição da extensão média do gelo marinho do Ártico.
Alerta de risco de morte por calor
A onda de calor registrada é a maior em mais de 100 anos no Brasil, segundo os meteorologistas. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), as temperaturas registraram 5 °C acima da média em várias regiões do País, por mais de 5 dias consecutivos. Isso fez com que o órgão emitisse um alerta de risco de morte para partes do Centro-Oeste e do Sudeste.
O Inmet advertiu que a alta temperatura pode gerar incêndios florestais e hipertemia, quando o corpo absorve mais calor do que pode dissipar, gerando o colapso do organismo. Por isso, as autoridades recomendaram evitar a prática de atividades ao ar livre entre 10 horas e 17 horas, usar protetor solar e aumentar a ingestão de líquidos.
Cuiabá, no Mato Grosso, registrou o recorde de 44 °C no dia 30 de setembro; e Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, alcançou a marca histórica de 41 °C, no dia 5 de outubro. No mesmo dia, os termômetros de Água Clara (MS) e Nova Maringá (MT) marcaram 44,6 °C, o segundo maior valor registrado no Brasil, ficando atrás apenas dos 44,7 °C medidos em Bom Jesus do Piauí, em 21 de novembro de 2005.
Consequências na Europa e na Ásia
Na Europa, as temperaturas médias ficaram 0,2 °C mais quentes do que as de setembro de 2018, o mês mais quente anteriormente registrado no continente. Isso ocorreu de forma mais forte na região dos Balcãs.
Condições mais secas do que a média ocorreram na maior parte da Europa. No entanto, algumas regiões experimentaram condições mais úmidas do que a média, com fortes precipitações causando inundações na Grécia, por exemplo.
Tempestades tropicais afetaram muitas partes do mundo, incluindo os furacões Sally e Beta na América do Norte, e os tufões Noul e Maysak, que varreram o sudeste da Ásia e a península coreana e o Japão, respectivamente.
Derretimento do Ártico
O calor na Sibéria também foi incomum, tanto por sua magnitude quanto por sua persistência. Em maio, o inverno e a primavera foram excepcionalmente quentes, com temperaturas até 10 °C mais altas do que o normal. As temperaturas excepcionais continuaram durante todo o verão, batendo recordes em torno de 38 °C.
Isso provocou a segunda mais baixa extensão média do gelo marinho do Ártico, que ficou mais de 40% abaixo da média de 1981-2020, um resultado melhor apenas que setembro de 2012. Enquanto isso, a extensão do gelo marinho da Antártica ficou ligeiramente acima da média.
As temperaturas recordes combinadas com o recuo do gelo marinho do Ártico em 2020 reforçam a necessidade de aumentar o monitoramento na região, que tem um aquecimento mais rápido do que qualquer outra parte do planeta.
O ano de 2020 pode se tornar o mais quente já registrado na história, caso se confirmem os eventos climáticos como o La Niña e os baixos níveis de cobertura de gelo do Ártico no outono no Hemisfério Norte entre outubro e dezembro.
Fonte: Climatempo, Copernicus, Correio Braziliense, G1, CNN.