As figuras de linguagem são parte importante da construção da profundidade da língua portuguesa. Para entender o porquê, é necessário relembrar os dois sentidos possíveis de expressão: o denotativo, que leva em conta o significado literal de uma palavra e o conotativo, que é figurado possibilita definições diferentes de acordo com o contexto. Estas definições vão ser expressas por meio das figuras de linguagem.
Elas podem ser figuras de palavras, pensamento, sintaxe ou som e estão tão presentes no dia a dia que é comum usarmos sem perceber. Na hora do vestibular, porém, saber o que é figura de linguagem e, exatamente, o que cada uma delas significa, pode ajudar.
Confira, aqui embaixo, mais sobre cada uma delas!
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Figuras de linguagem de palavras
Sempre associadas ao sentido das palavras (mesmo que de maneira figurativa), as figuras de linguagem de palavras também podem ser conhecidas como figuras de semântica. Confira cada uma delas abaixo:
Comparação
Como o nome deixa claro, esta figura de linguagem aparece quando há relação de comparação numa frase de forma explícita, com o uso de conectivos comparativos.
Ex: Sua beleza é como um campo de rosas na primavera.
Metáfora
Na metáfora, a relação de comparação ainda existe, mas sem o uso de conectivos comparativos.
Ex: Sua beleza é um campo de rosas na primavera.
Catacrese
A catacrese acontece quando, por falta de termo específico, uma palavra é usada para caracterizar algo desprendida de seu sentido original.
Ex: cabeça do parafuso, pés da cadeira, coroa do abacaxi.
Metonímia
Para a metonímia acontecer, é necessário substituir uma palavra por outra, mas elas precisam ter alguma relação de proximidade para que o significado se mantenha.
Ex: A sopa estava boa, então comi três pratos. (Aqui, “pratos” substitui a comida que estava dentro dele)
Sinestesia
A sinestesia é uma figura de linguagem em que dois ou mais sentidos humanos (visão, audição, tato, olfato, paladar) são associados.
Ex: O perfume dela tem um cheiro doce (cheiro – olfato + doce – paladar)
Perífrase
Na perífrase, um termo é substituído por outro que o defina ou qualifique.
Ex: Sempre chove na terra da garoa. (Terra da garoa é a expressão que substitui “São Paulo”).
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Figuras de linguagem de pensamentos
As figuras de pensamentos, por sua vez, são associadas a ideias e pensamentos para ampliar os significados expressos em uma frase. Conheça cada uma delas aqui:
Hipérbole
Uma das mais famosas, a hipérbole é o exagero intencional em uma expressão.
Ex: morrer de fome, morrer de tédio, chorar litros, demorar um século etc.
Personificação ou prosopopeia
Na personificação, características e ações humanas são atribuídas a objetos inanimados ou animais.
Ex: A voz dele estava triste quando começou o discurso. (Na verdade, quem estava triste era a pessoa, não a voz)
Eufemismo
Muito usado na cobertura jornalística, o eufemismo é a figura de linguagem responsável por suavizar assuntos e tópicos considerados negativos.
Ex: Este mês eu estou com insuficiência orçamentária. (Aqui, insuficiência orçamentária substitui a “falta de dinheiro”)
Ironia
A principal característica da ironia é falar uma coisa querendo expressar algo completamente oposto.
Ex: Eu amo falar com pessoas que não entendem ironia. (Quando, na verdade, o falante não gosta de falar com quem não entende ironia)
Antítese
Na antítese, termos opostos são usados na construção de sentido de uma frase ou expressão.
Ex: Era um caso de vida ou morte.
Paradoxo
O paradoxo pode ser considerado parecido com a antítese, porém, neste caso, as ideias opostas associadas fogem à lógica.
Ex: Quando você perde, também ganha. (Logicamente, é impossível ganhar ao perder).
Gradação
Aqui, uma relação de sequência crescente ou decrescente entre os termos é necessária (e não precisa ser, necessariamente, numérica.
Ex: A comida estava fervendo, ficou quente, morna e fria enquanto conversávamos.
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Figuras de linguagem de sintaxe
As figuras de linguagem de sintaxe atuam na construção das frases, fazendo com que o sentido seja diferente do literal.
Pleonasmo
Muito conhecido, o pleonasmo é a figura de linguagem da redundância. Na linguagem formal, ele deve ser evitado por causar estranheza no ouvinte/leitor, mas é comum em poesias e obras literárias.
Ex: sair para fora, subir para cima. / “E rir meu riso, e derramar meu pranto” (Vinicius de Morais)
Anáfora
Anáfora é a repetição proposital de uma palavra com o objetivo de enfatizar o termo repetido. É mais comum em poesias e obras de ficção do que nas conversas de dia a dia.
Ex: “Até quando você vai levando porrada?
Até quando vai ficar sem fazer nada?
Até quando você vai ficar de saco de pancada?”
(Gabriel, o Pensador)
Zeugma
A zeugma se caracteriza pela omissão de uma palavra que já foi citada anteriormente em uma frase. Ela evita a repetição de termos e pode ser usada na linguagem formal.
Ex: Eu fui pela esquerda; ele, pela direita.
Elipse
A elipse também é uma figura de linguagem de omissão, porém neste caso o termo omitido não precisa ter aparecido anteriormente na frase: ele fica subentendido pelo contexto e não atrapalha a compreensão.
Ex: Casa de ferreiro, espeto de pau (Os termos omitidos foram “em”, “o” e “é”)
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Figuras de linguagem de som
Por fim, as figuras de linguagem de som são as que usam a sonoridade de palavras e expressões para causar um efeito específico no texto. Também podem ser conhecidas como figuras de linguagem fonéticas.
Onomatopeia
Talvez uma das mais conhecidas entre as figuras fonéticas, a onomatopeia é a que transforma sons em palavras usando fonemas. É comum, por exemplo, em sons de animais, instrumentos musicais e objetos.
Ex: miau, au-au, atchim, bi-bi, tic-tac.
Aliteração
É a repetição de sons de consoantes propositalmente usada em textos literários: não é recomendada em textos formais.
Ex: O rato roeu a roupa do rei de Roma.
Assonância
A assonância, por sua vez, é a figura de linguagem que se caracteriza pela repetição do som de vogais (principalmente as das sílabas tônicas) e de sílabas semelhantes. Também é mais comum em textos literários e músicas.
Ex: “Minha foz do Iguaçu / Polo sul, meu azul / Luz do sentimento nu” (Djavan)
Paronomásia
No caso da paronomásia, é necessário usar palavras que têm grafia e pronúncia parecidas, mas significados diferentes numa mesma frase.
Ex: Quem casa, quer casa.