O samba-enredo da Beija-Flor de 2022 abordou as dificuldades que a população negra ainda enfrenta: “foi-se o açoite e a chibata sucumbiu, mas você não reconhece o que o negro construiu”.
Essa é a importância do prêmio recebido em março deste ano pelo arquiteto burquinense Debiédo Francis Kéré, que se tornou uma exceção à invisibilidade por que os negros passam e teve suas construções reconhecidas, literalmente.
E não foi qualquer reconhecimento. Kéré foi agraciado pelo Prêmio Pritzker deste ano, considerado o Nobel da Arquitetura. Com mais de 40 edições, é a primeira vez que o título é ofertado a um profissional negro, o que dá à homenagem um significado muito especial.
Veja mais do prêmio deste ano, conheça a história do Pritzker e saiba mais da vida e a obra de Kéré.
No fim da década de 1970, Jay e Cindy Pritzker, conhecidos por patrocinar eventos sociais e científicos, decidiram criar uma premiação que valorizasse a produção arquitetônica. A ideia do casal, que era dono de uma rede hoteleira, transformou-se na maior premiação do gênero em todo o mundo. Tal como no caso do Nobel, os patrocinadores destinam anualmente uma medalha de bronze e um prêmio de US$ 100 mil para o homenageado do ano.
Desde 1979, quando o estadunidense Philip Johnson inaugurou o rol de premiados pelo Pritzker, poucos atores fora do eixo norte haviam sido nominados. Os brasileiros Oscar Niemeyer (premiado em 1988) e Paulo Mendes da Rocha (em 2006) fazem parte das exceções da lista, que os europeus, estadunidenses e japoneses lideram.
Nenhum arquiteto negro havia recebido a honraria até este ano. Por isso, o tributo não apenas reconhece um arquiteto fundamental, mas abre portas para um acerto histórico.
Debiédo Francis Kéré nasceu na cidade de Gando, em Burkina Faso, em 1965. Foi o primeiro de seu vilarejo a frequentar a escola, precisando se afastar da família aos 7 anos de idade para isso. Desde 1985 ele vive em Berlim, onde seguiu os estudos em nível técnico e superior.
Sua trajetória é marcada pelo uso de tecnologias sociais. Kéré assina obras que unem materiais acessíveis e métodos sustentáveis para viabilizar arquitetura de qualidade a comunidades com baixo poder aquisitivo, em Burkina Faso e outros países.
Hoje, Kéré tem dupla nacionalidade (burquinense e alemã) e seus trabalhos estão distribuídos em diversos países. Além disso, leciona em cátedras da Escola de Design de Harvard, na Escola de Arquitetura de Yale, na Academia de Arquitetura da Suíça e na Universidade Técnica de Munique, onde se graduou.
Antes do Pritzker, ganhou prêmios importantes como o Aga Khan de Arquitetura de 2004, pelo prédio da escola primária de Gando, e a medalha de ouro no Global Award for Sustainable Architecture.
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Fontes: CAU/RS, Letras Música, Hypeness, The Guardian, Toca a Obra, Kéré Architecture