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Três meses após o início da vacinação contra covid-19 no Brasil, os boletins apontam que o ritmo da imunização da população está lento. Enquanto os Estados Unidos já aplicaram mais de 200 milhões de doses e alcançaram, nesse momento, adolescentes (o último público, uma vez que crianças não receberão o imunizante por enquanto), o Brasil aplicou pouco mais de 30 milhões.
Além disso, apenas 19 milhões receberam segunda dose. Nesse ritmo, o Brasil levaria mais 20 meses para vacinar toda a população adulta, estimada em 160 milhões de pessoas.
O número é baixo ao considerar que o Sistema Único de Saúde (SUS) tem na cobertura vacinal um dos seus eixos fundamentais. Graças à territorialização e a um sistema de controle e vigilância muito bem estruturado, o sistema público de saúde brasileiro é uma referência internacional. No período da H1N1, por exemplo, a vacinação era muito mais ágil.
Mas o que justifica um ritmo tão lento? Por que é tão difícil vacinar a população neste momento? Conheça mais o assunto e entenda quais são os gargalos a serem superados para a vacinação plena da população adulta no Brasil.
O mundo assiste neste momento a uma queda de braço: de um lado, gigantes da indústria farmacêutica condicionam a produção de vacinas que elas desenvolveram ao pagamento de patentes; do outro, países (tanto pobres quanto ricos) questionam o limite do uso disso.
Em meio a uma pandemia que mata milhões de pessoas no mundo todo, especialistas defendem que não seria razoável que o lucro sobre o licenciamento se sobrepusesse à necessidade emergencial por imunizantes.
Essa não é a primeira vez que esse dilema aparece. Há 20 anos, o Brasil exigiu o licenciamento compulsório do medicamento nelfinavir, que compõe o coquetel anti-Aids. Ao fazer isso, foi possível chegar a um acordo com o laboratório Merck Sharp & Dohme, que produzia o fármaco. À época, estimou-se que a economia para o País foi de R$ 80 milhões/ano.
Outro problema que atinge o Brasil se refere à má distribuição de doses entre os países. Enquanto os Estados Unidos vacinaram boa parte da população, há países pobres que sequer começaram uma campanha massiva, a exemplo da maior parte das nações africanas. Aliás, mesmo entre os países ricos essa briga opera: a União Europeia tem pressionado fortemente o Reino Unido a distribuir doses produzidas por empresas britânicas.
Diante da crise econômica, a ideia de um mercado internacional pouco regulado e multilateral “cai por terra” e o que se percebe é um protecionismo. Mesmo o governo Biden atuou dessa forma, em se tratando de vacinas, cuja promessa é proteger não apenas vidas, mas empresas.
Além disso, há indícios de corrupção que atrasaram a vacinação da população. Isso ocorreu, por exemplo, em Manaus, onde houve denúncias de que a prefeitura da cidade nomeou profissionais como forma de oferecer antecipação na fila das vacinas.
O caso chamou a atenção porque no mesmo período os hospitais da capital amazonense eram incapazes de atender toda a demanda do momento. Foram necessárias câmaras frigoríficas para alojar os corpos diante da falta de leitos e de insumos básicos, como oxigênio.
Outro caso que chamou a atenção foi o de empresários que compraram de uma suposta enfermeira algumas doses de vacina que teriam sido desviadas da saúde pública da capital mineira. Embora os corruptores tenham sofrido uma fraude, nesse caso, pois receberam uma dose de soro, o caso preocupa.
Desde janeiro, diversos casos de não aplicação de vacina foram registrados e é possível que exista um mercado paralelo de imunizantes.
Fonte: CNN, Folha, EBC, Governo Federal, Nexo.