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O Brasil vive a pior crise hídrica dos últimos 91 anos. A falta de chuvas neste ano e no ano passado fez que as hidrelétricas das Regiões Sudeste e Centro-Oeste, responsáveis pela geração de 70% da energia do Brasil, operassem com os reservatórios em cerca de 22,5% da capacidade de armazenamento.
A situação deve piorar em outubro e novembro, quando a demanda por energia cresce. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) estima que as principais hidrelétricas brasileiras operem com 10% da capacidade. Mesmo assim, Luiz Carlos Ciocchi, diretor-geral da instituição, afirma que não devem ocorrer racionamentos nem apagões. Outros especialistas não são tão otimistas.
Uma das causas da falta de chuvas nas Regiões Sul e Sudeste entre 2020 e 2021 é a ocorrência do La Niña. Este é um fenômeno natural e periódico que ocorre devido a mudanças de temperatura das águas no Oceano Pacífico, o que leva a uma mudança nas temperaturas e nas chuvas que ocorrem no mundo todo.
Quando ocorre, o fenômeno gera períodos de seca para a Região Centro-Sul do Brasil e mais chuvas para a Norte. Ele deve acabar em abril de 2022, mas especialistas já preveem a volta à normalidade das chuvas a partir de outubro.
Outro problema, e esse com impactos duradouros, é o aumento do desmatamento na Amazônia, que acaba com o fenômeno conhecido como “rios voadores”. Ele ocorre pelo encontro da umidade gerada pela floresta com a do Oceano Atlântico.
O vapor de água formado pode ir para a região da Cordilheira dos Andes e se precipitar alimentando nascentes de rios, como a do Rio Amazonas, ou pode ir para o Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil, ocasionando as chuvas. O problema é que, com desmatamentos e queimadas recordes, os rios voadores ficam mais escassos.
A crise hídrica atinge diretamente todos os setores produtivos do Brasil, além de afetar a disponibilidade de água e energia elétrica para a população.
Em torno de 64% da energia elétrica do país é gerada por hidrelétricas. Quando elas estão com reservatórios baixos, o Governo precisa acionar as Usinas Termelétricas, que geram energia por meio da queima de carvão e, portanto, poluem mais, além de ser mais cara.
Desse modo, os efeitos já são sentidos no bolso. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) criou, recentemente, uma bandeira tarifária chamada de escassez hídrica, a qual elevou a taxa adicional cobrada pela eletricidade: de R$ 9,49 por 100 kWh para R$ 14,20.
O agronegócio, que segundo dados da Agência Nacional de Águas (ANA), é o setor que mais consome e desperdiça água, é consequentemente um dos mais afetados. De cada 100 litros de água consumidos no Brasil, 72 são usados na irrigação agrícola.
A ausência de água não afeta apenas as lavouras e o rendimento das plantações, mas também o transporte por vias fluviais que tem de ser substituído pelo transporte rodoviário, quando as hidrovias não podem mais comportar o transporte de embarcações com grãos. Todos esses efeitos afetam o preço final dos alimentos e são um dos principais responsáveis pela alta descontrolada da inflação.
As soluções utilizadas pelo governo para driblar a crise hídrica são paliativas: utilização de termelétricas e compra de energia de países vizinhos. Saídas mais duradouras envolvem maior investimento e estratégias de longo prazo no setor energético.
As opções incluiriam o desenvolvimento das energias renováveis no país (no momento a energia solar é responsável por 1% da energia gerada no Brasil, e a eólica por 8%), investimento em recuperação do sistema das hidrelétricas e de saneamento para evitar desperdícios e, sobretudo, um controle efetivo do desmatamento.
Fonte: Estadão Summit Agro, Parmais, Agência Brasil, Brasil de Fato, Toda Matéria, UOL, Tecmundo, Poder 360.
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