Saiba o que estudar para o vestibular do Mackenzie!
O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) está chegando, e o tema da redação é sempre um mistério que professores e alunos querem desvendar. Uma das principais apostas é a mobilidade urbana, isso porque o assunto é extremamente amplo e permeia a vida das pessoas sob as mais diversas esferas.
Então, confira quatro formas como a mobilidade urbana pode aparecer na redação.
Durante a pandemia de coronavírus, ficou mais nítido do que nunca que o lugar onde se vive impacta diretamente na qualidade de vida. Nas periferias, por exemplo, onde menos pessoas trabalhavam em esquema de home office e, em geral, precisavam seguir pegando ônibus lotados para trabalhar nas regiões centrais, as taxas de infecções e mortes eram, em regra, maiores do que as de bairros nobres.
Essa disparidade diz respeito à segregação socioespacial que se desdobra também na falta de acesso a melhores empregos e atividades culturais (em geral, concentradas no centro).
Outro tópico que entra nessa perspectiva social do cenário urbano são as questões de gênero, pois mulheres são as que mais utilizam o transporte público, modal ainda com várias limitações estruturais e nos quais o assédio ainda é comum. Além disso, a acessibilidade para pessoas com deficiência é outra questão que pode entrar em pauta, tanto no que tange aos modais coletivos quanto no que diz respeito a estruturas de sinalização e calçadas.
Reduzir a emissão de poluentes é um dos principais desafios do mundo para as próximas décadas. Caso os países não atinjam as metas acordadas coletivamente, o planeta sofrerá consequências sérias em menos de um século, como as mudanças climáticas que já vêm sendo enfrentadas.
Apesar de a atividade agropecuária e a indústria somarem o maior contingente de emissões, a poluição causada por veículos nas ruas contribui significativamente para esse panorama. E é aí que entra a mobilidade urbana sustentável, que pode ser abordada no eixo de mobilidade ativa, que inclui trajetos a pé e de bicicleta.
Calçadões têm sido abertos no mundo inteiro para tornar o deslocamento a pé mais fluido e viável. A bike também vem sendo incentivada: durante a pandemia, ciclovias temporárias foram abertas para evitar aglomeração nos ônibus, e muitas dessas estruturas devem permanecer. Há também países, como Portugal, que chegaram até a oferecer vales para a compra de bicicletas por serem modais sustentáveis e com inúmeros benefícios à saúde.
No campo da mobilidade urbana sustentável, também podem entrar em cena o tema dos carros elétricos. Será que eles são mesmo alternativas mais sustentáveis do que os aqueles a combustão? Há especialistas que defendem que não necessariamente.
Primeiro, porque as baterias são difíceis de serem recicladas; segundo, porque a solução passa muito mais por mudar o modal do que a fonte de energia. Se mais pessoas usarem ônibus, por exemplo, haverá menos carros nas ruas; porém, para isso, o transporte público precisa se reinventar, e aí chegamos ao nosso próximo tópico.
Embora precisemos de modais mais sustentáveis e o transporte coletivo seja uma boa alternativa, o setor de ônibus, trens e metrôs enfrenta uma das maiores crises de sua história, acentuada pela pandemia, que afastou muita gente desses modais pelo medo de aglomerações.
Cada vez menos pessoas têm aderido ao transporte público, e isso se explica em parte pela concorrência crescente entre os aplicativos de transporte, como Uber e 99, que, em muitos casos, oferecem trajetos mais confortáveis e baratos.
O segundo ponto tem a ver com a forma de financiamento. O modelo de concessões, utilizado atualmente, tem-se mostrado ineficiente para dar conta dos aprimoramentos que o setor demanda. E, em se tratando de aprimoramentos, o segmento deve correr contra o tempo para convencer o usuário de que é mais seguro, eficiente e confortável.
Desde a última década, o Brasil enfrenta uma crise econômica que só se acentua e é acompanhada pelo aumento do trabalho informal, aquele sem carteira assinada. Com o “boom” global de serviços de aplicativo, como Uber, 99, Ifood e Rappi, ferramentas como essas se tornaram as principais fontes de renda de muitas famílias aqui e pelo mundo afora.
O problema é que, além de as taxas cobradas pelas empresas de aplicativos serem altas, entregadores e motoristas são responsáveis por seus próprios instrumentos de trabalho, como carro, moto, bicicleta e combustível, e não têm nenhum direito trabalhista.
Essa forma de atuação ficou conhecida como uberização e já é estudada por diferentes campos da Administração e das Ciências Sociais. Trata-se de um modelo de trabalho em ascensão, que não se restringe mais ao campo da mobilidade urbana, tendo avançado em muitos outros setores.
O grande debate em torno do tema passa por aqueles que defendem a tendência como uma boa alternativa ao desemprego e uma maneira de o sujeito trabalhar de forma flexível. Para outros, a realidade é sinônimo de precarização.
1. No dia da prova, apresente prós e contras se quiser, mas sustente um dos lados, caprichando na sua proposta de intervenção.
2. Um mesmo tema pode ter vários desdobramentos, então se atente ao desdobramento pedido na proposta de redação para não fugir do assunto.
Boa sorte!
Fonte: Guia do estudante, Le Monde Diplomatique, Estadão Summit Mobilidade.