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A leste, Rússia; a oeste, a União Europeia; no meio, Ucrânia, um país de localização estratégica e que, na madrugada do dia 24 fevereiro, foi invadido pelo vizinho. Assim, as tropas russas ocuparam as fronteiras da Ucrânia em diversas direções.
Apesar de o clima de tensão e as ameaças de invasão por parte da Rússia terem sido mais expressivos no final do ano passado, as desavenças entre os países são de décadas. Então, é preciso voltar vários anos para entender a origem desse conflito.
Tudo começou entre o século 9 e 13, quando o território atual da Ucrânia fazia parte da Rus de Kiev, uma federação de tribos eslavas que contemplava territórios localizados próximo do Mar Báltico até o Mar Negro. Desde essa época, a Ucrânia sempre foi dominada por estrangeiros: o reino da Polônia e os Impérios Turco-otomano, Austríaco e Russo.
Em 1922, terras ocidentais faziam parte principalmente da propriedade polonesa, mas, durante a Segunda Guerra Mundial e, logo em seguida, a Guerra Fria, houve uma repartição de território. Então, essa e demais áreas subjacentes foram integradas à República Socialista Soviética da Ucrânia.
A Península da Crimeia — uma região bastante estratégica — também era reconhecida como território Russo, até que, em 1955, o primeiro-ministro soviético Nikita Khrushchev passou a Crimeia da Rússia para a Ucrânia. Apesar disso, ambas as repúblicas respondiam à União Soviética e ao governo de Moscou.
A Guerra Fria se iniciou logo após a Segunda Guerra Mundial e foi um conflito político-ideológico travado entre os Estados Unidos (EUA) e a União Soviética (URSS) na segunda metade do século 20 (de 1947 a 1991). O conflito polarizou o mundo entre capitalistas e comunistas.
Houve uma série de conflitos de pequena e média escalas em diversos locais do mundo. Muitas vezes, os EUA e a URSS se envolviam por meio de financiamento, treinamento militar e disponibilização de recursos.
Dentro desse contexto de guerra, foi criada a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), em 4 de abril de 1949, e o Pacto de Varsóvia, em 1955.
O intuito da Otan era desenvolver uma aliança militar de países apoiadores dos Estados Unidos, com objetivo de impedir feitos soviéticos. Já o Pacto de Varsóvia tinha como finalidade garantir a segurança das nações comunistas e diminuir as chances de uma possível agressão do bloco estadunidense.
Nessa ocasião, a Ucrânia integrava os países que faziam parte do Pacto de Varsóvia.
No ano de 1991, a União Soviética entrou em colapso, e a Ucrânia se tornou um país independente, mas ainda mantendo relações estreitas com a Rússia (mesmo após a dissolução da União Soviética), dando a entender à Rússia que a Ucrânia ainda fazia parte da sua esfera de influência.
Essa perspectiva russa partilha da mesma visão da Doutrina Brejnev acerca da “soberania limitada”, a qual reitera que a autoridade da Ucrânia deve ser inferior àquela que existia no período do Pacto de Varsóvia — uma organização internacional responsável pela Otan na Guerra Fria.
Porém, com o passar do tempo, a Ucrânia começou a se aproximar mais da Europa. Inclusive, em 2012, chegou a criar um acordo de associação entre a Ucrânia e a União Europeia, ato que incomodou a Rússia e a fez pressionar o país para que esse acordo não fosse assinado. Em 2013, ano da consolidação do acordo, o então presidente ucraniano, Viktor Yanukovich, suspendeu o ato.
Essa decisão ocasionou uma série de manifestações e protestos de cidadãos russos que apoiavam o diálogo entre a Ucrânia e o bloco econômico europeu. Esse cenário durou diversos meses e recebeu o nome de Euromaidan. Dentre uma das consequências, foi a fuga de Yanukovich da Ucrânia, em 22 de fevereiro de 2014.
Após a fuga de Yanukovich, a Rússia entrou em cena mais uma vez, mandando grupos armados pró-russos para as principais instituições da Península da Crimeia, convocando um referendo de independência.
Esse ato abalou a relação entre a Rússia, a Europa e os Estados Unidos, sendo determinante para a expulsão da Rússia do G8, grupo dos 8 países mais industrializados do mundo, e o cumprimento de diversas sanções econômicas por parte da União Europeia.
Para a Rússia, a Crimeia tem uma localização estratégica, já que em Sebastopol, região localizada no sul da península, está a principal base naval russa no Mar Negro.
Quando a Ucrânia anunciou sua independência, Moscou precisou pagar uma taxa anual para Kiev pelo uso de base. Ao tomar Crimeia novamente, ela deixou de fazer isso.
Como comentado, essa região já tinha sido parte da Rússia, portanto, para Putin, ela só estava resgatando uma área que lhe pertencia. Desde então, a Rússia vem sendo acusada pela Otan de apoiar separatistas pró-russos com objetivo de conquistar a Ucrânia.
Enquanto a Ucrânia é vista por Putin como parte da Rússia, a União Europeia e os Estados Unidos a veem como um potencial aliado estratégico e militar, principalmente por conta da sua região geográfica (questão essa que preocupa Putin). O atual presidente não quer que a Ucrânia faça parte da Otan e, consequentemente, seja apoiada por países inimigos da Rússia.
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Fonte: UOL, UFF, BBC.