Saiba como vai funcionar o vestibular do Mackenzie
“Traiu ou não traiu?”. Essa frase, apesar de curta, mostra o tamanho da influência cultural que Machado de Assis mantém no Brasil. Autor de Dom Casmurro e responsável pela discussão sobre a possível traição de Capitu, um dos principais autores da literatura nacional foi fundador da Academia Brasileira de Letras e é frequentemente citado nas provas de vestibular.
Machado de Assis foi jornalista, romancista, contista, cronista, poeta, crítico literário, funcionário público, teatrólogo, tipógrafo e revisor. Seus romances fizeram parte dos movimentos literários Romantismo e Realismo, e sua extensa produção literária ainda é relevante por mostrar com precisão o complexo comportamento humano e a psique dos personagens.
Biografia
Nascido em 1839 em uma chácara no Morro do Livramento, no Rio de Janeiro, Machado de Assis veio de uma família humilde, frequentou apenas a escola primária e ainda menino perdeu a mãe e única irmã. Aos 12 anos, perdeu também o pai.
Logo cedo ele se interessou pelo estudo de idiomas e aprendeu francês e inglês. Com 15 anos, ingressou na Imprensa Nacional como aprendiz de tipógrafo e, sob a influência de Manuel Antônio de Almeida, começou a escrever. Seu primeiro poema publicado foi “Ela”, em 1855, no jornal A Marmota Fluminense.
Três anos depois, já com 19 anos, Machado de Assis começou a trabalhar como revisor com o dono do jornal, Francisco de Paula Brito. Na época, ele passou a frequentar a vida boêmia do Rio de Janeiro e conhecer personalidades como Joaquim Manuel de Macedo, Casimiro de Abreu e Quintino Bocaiuva.
Como jornalista, escreveu regularmente para diversos jornais brasileiros e em 1864 publicou seu primeiro livro, Crisálidas, uma coletânea de poemas. Anos depois, em 1872, publicou seu primeiro romance, Ressurreição.
Gago, negro e epilético, Machado de Assis superou todos os obstáculos impostos e conseguiu alcançar uma alta posição social, deixando um extenso trabalho que é estudado até hoje. Ele faleceu no Rio de Janeiro em setembro de 1908 e em seu velório estiveram grandes personalidades, como Rui Barbosa, que fez um discurso de despedida com elogios ao escritor.
Características machadianas
Machado de Assis começou sua carreira literária com obras do Romantismo, mas se consolidou mesmo com a produção no Realismo. Ele escreveu continuamente de 1855 a 1908, ano de sua morte.
A primeira fase de suas obras apresentava aspectos mais próximos do Romantismo, e as histórias geralmente eram repletas de mistério, com narrativa linear e um final feliz ou trágico. Ele inovou no gênero ao abandonar o exagero sentimental e o excesso de adjetivos.
A segunda fase, tipicamente realista, iniciou-se com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, em 1881, na qual Machado de Assis expõe a miséria humana e inova ao colocar um narrador já falecido em primeira pessoa. Ele permaneceu com essas características até o seu último romance, Memorial de Aires, de 1908, escrito após a morte de sua esposa Carolina.
Obras cobradas no vestibular
Machado de Assis é um dos autores mais citados nos vestibulares em todo o Brasil. Além de ter sido um grande escritor e ter fundado a Academia Brasileira de Letras, ele influenciou outros grandes nomes da literatura, como Carlos Drummond de Andrade, Olavo Bilac e Lima Barreto.
Confira as obras que mais aparecem entre as leituras obrigatórias para vestibulares.
Dom Casmurro (1899)
O livro é narrado por Bentinho, um inocente menino e protagonista da história, e o acompanhamos durante toda a sua vida. O foco da narrativa é o seu amor por Capitu, que tem “olhos de cigana oblíqua e dissimulada”, e sua transformação em Dom Casmurro.
Os dois se conhecem durante a infância, pois são vizinhos, e avançam até a vida de casados. A grande questão levantada pelo livro — se Capitu traiu ou não o protagonista — se inicia no enterro do melhor amigo de Bentinho, Escobar.
A dúvida é se o caso realmente ocorreu ou se o marido, cego de ciúmes e paranoico, convenceu-se de algo que não aconteceu na realidade.
Memórias póstumas de Brás Cubas (1881)
Já morto, Brás Cubas resolve contar a história de sua vida sem qualquer comprometimento com convenções sociais. Ele fala de si mesmo, da vida e das pessoas que conviveram com ele, expondo a podridão das relações humanas.
O protagonista foi um jovem da classe alta, estudou na Europa e teve um envolvimento amoroso com a prostituta de luxo Marcela, sobre a qual ele diz: “Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis”, expondo o interesse financeiro do relacionamento.
Inscreva-se para o vestibular do Mackenzie