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A obra Abaporu é considerada importante pelos críticos por ter-se tornado o símbolo do movimento modernista brasileiro e por colocar o nosso país no mapa dos acontecimentos artísticos mais importantes da época.
A tela foi pintada por Tarsila do Amaral em 1928 como um presente para o seu então marido, o escritor Oswald de Andrade. Ele batizou o quadro com a junção de vocábulos da língua Tupi aba (homem), pora (gente) e ú (comer), significando “homem que come gente” ou “homem antropófago”. O nome veio como um estandarte para a fase antropofágica do movimento modernista brasileiro, que queria deglutir a cultura vinda de outros povos e criar uma identidade nacional.
O Modernismo foi um movimento artístico que surgiu no intervalo das guerras mundiais, por volta da década de 1920. Foi marcado pela constante busca pela superação de manifestações artísticas tradicionais nas mais diversas áreas, como na Literatura, na Música e nas Artes Plásticas.
A época era um momento de forte convulsão social, com o crescimento da industrialização e da urbanização, bem como diversas invenções tecnológicas que estavam transformando o cotidiano, como a popularização da luz elétrica, de telefones e do cinema. Com isso, as obras modernistas buscavam criticar e repensar as tradições, o que significava viver em sociedade.
Apesar de ter um nome único, o modernismo englobou uma série de correntes que muitas vezes eram compostas de obras com significados e estilos completamente distintos, mas sempre com algumas características comuns como a valorização de uma postura experimental, a crítica às tradições, a valorização da vida cotidiana e a busca pela identidade. Nas Artes Plásticas, o modernismo foi muito influenciado por correntes como o impressionismo e o surrealismo.
O modernismo chegou ao Brasil por influência das vanguardas europeias, com forte influência dos movimentos futurista, cubista e do surrealista. Muitos artistas viram no modernismo a resposta para a luta contra a mera reprodução de tradições portuguesas nas artes.
O movimento modernista foi marcado pela busca e pela construção da identidade, e os vanguardistas brasileiros procuravam criar uma identidade nacional que, apesar da influência de outros povos, não fosse a mera reprodução.
Com isso, a Literatura, a Música e as Artes Plásticas ficaram marcadas pela ruptura das regras, como rimas, versos rígidos ou formas tradicionais. A Semana de Arte Moderna de 1922 foi o marco inicial da chegada do modernismo ao país e reuniu diversos artistas, como os escritores Mario de Andrade, Oswald de Andrade e Graça Aranha; os pintores Anita Malfatti e Di Cavalcanti; e o músico Heitor Villa-Lobos. É nesse contexto que Tarsila pensou e executou o Abaporu.
Há vários detalhes na pintura mais famosa de Tarsila que indicam sua consonância com os preceitos do modernismo. Na obra, foi representado um homem com traços exagerados, em uma técnica conhecida como gigantismo, sentado em uma posição similar ao Pensador de Rodin.
As cores predominantemente verde e amarela podem dar o indício da busca pela identidade nacional. A figura tem o pé muito maior do que a cabeça, o que pode demonstrar a relação do povo brasileiro com a terra, e sua condição de operário ou trabalhador braçal.
A cabeça pequena é entendida por críticos como uma crítica social ao fato de o povo ser domesticado ou impedido de pensar, sendo relegado à condição de operário. Além disso, o cacto e o sol são vistos como um marcador regional, podendo designar a seca e as mazelas sofridas pela população do Brasil. Algumas das cartas da autora demonstram sua preocupação no período em se tornar uma “pintora brasileira”, após ter estudado da Espanha e na França (onde conheceu Picasso), Tarsila falou sobre a busca de retratar o seu país e suas felizes memórias da infância vivida em uma fazenda.
Fonte: Cultura Genial, Experience Club, Educa Mais Brasil, Toda Matéria, História das Artes, Tarsila do Amaral.