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Tarsila do Amaral estava em Paris (França) quando recebeu uma carta de Anita Malfatti sobre a Semana de Arte Moderna. Embora não tenha participado do evento paulista que foi o principal marco do Modernismo brasileiro, a artista plástica e autora de Abaporu, a obra mais valiosa da história da arte nacional, é uma das principais figuras que vem à mente quando o assunto são as inovações artísticas do início do século XX.
Ao chegar ao Brasil, em 1922, Tarsila conheceu artistas que, com ela, compuseram um círculo fundamental para a consolidação das bases do Modernismo brasileiro, no chamado Clube dos Cinco, formado por ela, pela também artista plástica Anita Malfatti e pelos escritores Oswald de Andrade (com quem Tarsila se casou), Mário de Andrade e Menotti Del Picchia.
Embora sua obra possa ser dividida em diferentes momentos, a maior parte delas tem traços modernistas que ajudam a entender as propostas da primeira fase do movimento no Brasil.
A fase de Tarsila definida como Primeiros Anos foi de 1904 ao início dos anos 1920 e apresentou a transição entre obras de estética mais tradicional e telas de caráter inovador. É nesse período que se enquadram seu famoso autorretrato, de 1923, e os retratos dos poetas Oswald e Mário de Andrade.
Em 1923, após ter aulas com mestres do Cubismo em viagem a Paris, Tarsila iniciou a fase cubista, presenteando a arte brasileira com grandes inovações estéticas. Uma das telas mais importantes dessa época é A Negra (1923), que hoje pertence à coleção do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo.
Em 1924, Tarsila viajou para algumas cidades mineiras e, em passagem pelo Carnaval do Rio de Janeiro, encantou-se profundamente pelo colorido do Brasil. Foi então que começou a usar cores tropicais em suas telas, aliando essa mistura ao seu estilo já bastante conhecido e mostrando no seu trabalho a maneira como enxergava o país.
Essa fase, que foi até 1928, é chamada de Pau-Brasil. Uma das telas mais icônicas desse momento é Carnaval em Madureira (1924), marcada pela brasilidade tão abordada na primeira fase do Modernismo nacional.
Abaporu inaugurou a fase de Tarsila chamada Antropofágica, que foi de 1928 a 1930. Trata-se um divisor de águas na trajetória da pintora e na história do Modernismo brasileiro. Dado de presente ao seu então marido, Oswald de Andrade, o quadro foi batizado a partir de uma junção das palavras indígenas Aba, que significa homem, e poru, que é o homem que come carne humana.
Depois de receber a tela, Oswald escreveu o Manifesto Antropofágico e, com Tarsila, deu início ao Movimento Antropofágico, inspirado na obra, conforme revela o site oficial da autora.
Em um período em que o Brasil tinha suas bases culturais ainda muito ligadas às da Europa, os modernistas da primeira fase do movimento tinham por objetivo encontrar a verdadeira arte nacional, evocando as origens indígenas e as diferentes culturas que compuseram o povo daqui. Nesse contexto, pensavam a formação do país como um movimento em que uma cultura devorava a outra, culminando no que pode se entender como cultura brasileira — foi dessa ideia de “devoração” que surgiu o nome Antropofagia.
Tarsila deu início à sua fase social depois de uma viagem a Moscou (Rússia), em 1931, quando participou de reuniões de cunho socialista. A partir do contato com a causa proletária, a artista passou a pintar obras voltadas à condição dos pobres e trabalhadores, retratando as transformações de um tempo em que a industrialização e o êxodo rural pouco a pouco ganhavam força no Brasil.
Sua famosa tela Operários (1933) é dessa fase; segundo o site oficial da artista, foi seu primeiro trabalho com conotação social tão explícita. Uma curiosidade é que alguns rostos são de pessoas conhecidas, a exemplo de Benedito Sampaio, um empregado de seu pai, o arquiteto Gregori Warchavchik e a dançarina Elsie Houston.
Entre os anos 1930 e 1950, Tarsila pintou uma série de telas com características bem particulares e uma atmosfera onírica. Segundo o site da artista, as composições não poderiam ser enquadradas em nenhuma das fases da pintora até aquele momento.
A obra Retrato de Beatriz (1940) é desse período e retrata a neta de Tarsila, filha da sua única filha, Dulce. A menina morreu afogada aos 15 anos em um lago em Petrópolis (RJ), tentando salvar uma amiga.
Nos anos 1950, Tarsila retomou formas temáticas e cores da sua fase Pau-Brasil, no que ficou conhecido como Neo Pau-Brasil. Entre as obras desse período está Batizado de Macunaíma (1956), painel feito em homenagem ao amigo e escritor Mário de Andrade, autor do romance clássico do Modernismo brasileiro, Macunaíma.
Fonte: Guia Estudo, Wikiart, site oficial de Tarsila do Amaral, Brasil Escola, Arquivo TV Cultura, InfoEscola.