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Se você tem interesse por assuntos científicos e filosóficos, talvez já tenha ouvido falar em epistemologia. Esse termo pode ser definido como a “ciência da ciência”, ou como a filosofia da ciência.
Mas, na prática, qual a importância desse campo do saber? A gente explica.
Você tem certeza sobre suas certezas?
O poeta alemão Bertolt Brecht tem um texto bastante conhecido no qual recomenda: “desconfiai do mais trivial, na aparência singelo, e examinai, sobretudo, o que parece habitual”.
Em termos simples, é justamente essa a missão da epistemologia. Ela se dedica ao estudo da forma com a qual o ser humano conhece a si próprio e o meio que o circunda.
Quer ver um exemplo? Olhe para uma de suas mãos ou um de seus pés. Quantos dedos você vê? Se contou cinco dedos, desconfie. Quem disse que não há um sexto dedo invisível? Como garantir que seus olhos não estejam traindo você? Se não vê vírus, fungos e bactérias, não poderia também deixar de ver um dedo minúsculo?
É por isso que o alemão Karl Popper, um dos principais filósofos da ciência, dizia que nós não sabemos: podemos somente conjecturar, ou seja, criar e testar hipóteses.
Como conhecer a realidade?
Bem, convenhamos que é improvável que essa história de seis dedos seja verdade. Todo mundo concorda que os sentidos são confiáveis, nesse caso. Mas esse é o principal dilema sobre a forma de conhecer a realidade até hoje.
Deve-se confiar no que se vê e ouve? Ou se deve confiar mais nas teorias e no poder de abstração?
- Quem acha que o cientista deve observar a realidade a partir da sua percepção sensorial no mundo, defende métodos mais indutivos.
- Agora, quem acha o contrário acredita na dedução.
Veja outro exemplo: digamos que você e um colega desenvolvam teorias diferentes para provar que não existe um sexto dedo. Se ambos confiam nos sentidos para constituir o conhecimento, então vocês partilham do mesmo campo epistemológico.
Agora, se dois cientistas estudam o mesmo fenômeno, mas um explora as questões sociais envolvidas, e outro vê causas biológicas, significa que eles têm epistemologias distintas.
Principais correntes epistemológicas
E, na prática, como isso funciona? Abaixo estão algumas das principais correntes vigentes hoje:
- Epistemologia genética de Piaget: esse campo se organiza tanto nas ciências naturais quanto nas humanas. Organiza o saber de modo progressivo e lógico, em um debate que acumula saberes.
- Epistemologia histórica de Bachelard: o filósofo defende que um olhar histórico deve pautar a ciência. Assim, o debate sobre os métodos científicos devem atender não apenas a critérios técnicos de pesquisa, mas também filosóficos.
- Epistemologia arqueológica de Foucault: o filósofo acreditava que a ciência é um saber-poder. Ela própria e o pesquisador são historicamente construídos. Por isso, compreender o pensamento que articula esse arranjo é o desafio da arqueologia do saber.
- Epistemologia racionalista crítica de Popper: para ele, um conhecimento científico pode ser falseado. Assim, a ciência avança com a proposição de afirmações que ganham status científico, até que outros enunciados expliquem melhor a realidade.
- Epistemologia crítica de Habermas: o filósofo se preocupa com as relações de saber-poder de quem faz ciência. Isso passa pelo papel que os cientistas e técnicos cumprem na produção do conhecimento.
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Fonte: Educar em Revista, Brasil Escola.