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A Revolução Francesa não apenas mudou profundamente a história da França como também influenciou um movimento na sociedade ocidental, inspirando revoluções que se seguiram na Europa e na América. Para muitos historiadores, o evento, que aconteceu em 1789, simboliza o marco da mudança da Idade Moderna para a Idade Contemporânea.
Para entender como a Revolução Francesa aconteceu é preciso primeiro compreender como a sociedade francesa da época funcionava, os valores e os cenários político e econômico.
França do século XVIII
Até o século XVIII, a França tinha uma das economias mais fortes do mundo e movimentava o equivalente a cerca de 1 bilhão de libras no comércio exterior, ficando atrás apenas da Inglaterra e da Espanha. O país vivia sob o absolutismo monárquico, e o rei Luís XVI era a representação do Estado, reunindo os poderes legislativo, executivo e judiciário.
Além da aristrocracia, que representava cerca de 2% da população e desempenhava funções militares, a sociedade contava com o clero, que também compunha cerca de 2% da população. O restante fazia parte da burguesia, formada por banqueiros, comerciantes, artesãos, aprendizes, trabalhadores urbanos e camponeses.
O Estado era o responsável por toda a tributação da população, que pagava impostos e contribuições para que o clero e a nobreza vivessem às custas do dinheiro público arrecadado.
Tomada da Bastilha
A partir de 1786, a indústria francesa sofreu uma séria crise por conta das péssimas colheitas nas décadas de 1770 e 1780 e do aumento da dívida pública. A pedido do rei, o banqueiro Jacques Neckes, Ministro das Finanças, convocou a Assembleia dos Estados-Gerais com o objetivo de arrecadar mais impostos da burguesia. Naturalmente, o grupo afetado rejeitou a proposta, mas como cada Estado teria direito a um voto, a intenção era que a nobreza e o clero defendessem o aumento dos impostos para o terceiro Estado.
Cansada dessa situação e influenciada pelo pensamento iluminista e pelos panfletos que pregavam ideais de liberdade e igualdade, a burguesia resolveu se rebelar e convocar a Assembleia Nacional Constituinte para elaborar uma nova Constituição. O povo se uniu ao terceiro Estado e, em 14 de julho de 1789, uma multidão tomou a Bastilha, uma prisão vista como símbolo da monarquia absolutista. Em 4 de agosto, a Assembleia Nacional instituiu decretos que cortavam os privilégios da nobreza e impunha a Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão.
A partir desse momento, iniciou-se uma revolução na França e a primeira mudança foi a instituição da Monarquia Constitucional, que começou em 1791 e durou apenas um ano.
Girondinos e jacobinos
Dois anos após a queda da Bastilha, a Assembleia Nacional Constituinte deu lugar à Assembleia Legislativa, composta majoritariamente por membros da alta burguesia que eram mais moderados (girondinos) e pelos radicais, mais próximos do povo (jacobinos ou sans-culottes). O primeiro grupo declarou guerra à Áustria e à Prússia e esses países, apoiados pelo próprio rei Luís XVI, invadiram a França, mas saíram derrotados.
Na mesma época, os jacobinos, liderados por Robespierre, Jean Paul Marat e Danton, aprovaram propostas de extinguir a monarquia, prender o rei e implantar uma República no país. Após a derrota dos austros-prussianos, a Convenção Nacional tomou o lugar da Assembleia e a República foi proclamada no dia 22 de setembro de 1792. O rei Luís XVI e a esposa Maria Antonieta foram condenados à guilhotina.
Terror e Diretório
Logo após o fim da monarquia, a França entrou em um período marcado pelo uso indiscriminado da guilhotina para combater inimigos do governo, conhecido como Fase do Terror. Liderados por Robespierre, os jacobinos radicais pouco a pouco fizeram com que o povo novamente ficasse insatisfeito. Em 1794, os deputados da Convenção se rebelaram e o próprio Robespierre teve o seu fim em uma guilhotina.
Um ano depois, a burguesia retomou o poder e instituiu o Diretório, órgão formado por membros indicados pelos deputados. A crise social continuou se amplificando, e nesse cenário surgiu uma figura que mudou os rumos da França.
Napoleão Bonaparte
O General Napoleão Bonaparte, famoso no país por suas vitórias militares, começou a sua escalada ao poder. Em 1795, aos 27 anos de idade, ele foi chamado para organizar a defesa do país e derrotar os jacobinos. Depois, foi enviado para uma campanha militar no Egito; voltando em 1799, encontrou um cenário conspiratório contra o governo do Diretório e, em 18 de Brumário (segundo o calendário revolucionário), deu um golpe de estado.
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