Criptografia: Você sabe o que é Código Morse?

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Se você assistiu ao filme Parasita, vencedor do Oscar de Melhor Filme de 2020, deve se lembrar das luzes piscando na casa da família Park, certo? Então, isso acontecia porque algum personagem (sem spoilers!) estava tentando enviar uma mensagem em Código Morse. Ao ver como as luzes piscavam, alguém do lado de fora podia compreender o recado. 

Mas o que é o Código Morse e como seria possível compreender qualquer mensagem apenas pelo piscar de luzes? Isso é o que a gente explica neste texto. Mesmo que tenha caído em desuso nas últimas décadas, substituído por tecnologias mais modernas e simples de usar, o Código Morse foi muito importante para o desenvolvimento da comunicação moderna. Foi a primeira forma para enviar uma mensagem à distância ainda no século XIX. 

Como o Código Morse surgiu?

O americano Samuel Morse inventou o telégrafo nos anos 1830, mas precisou de mais alguns anos até criar uma forma de transmitir mensagens compreensíveis pela fiação elétrica. A ideia que ele teve revolucionou a comunicação daquela época: transformar cada uma das letras em pontos e traços — pulsos elétricos curtos ou longos, respectivamente. 

A letra “E”, por exemplo, é um ponto (um sinal curto), a letra “S” é formada por três pontos (ou três sinais curtos) e o “R” por ponto-traço-ponto (um sinal curto, um longo e outro curto). Desse modo, é possível transmitir mensagens complexas apenas com pulsos elétricos — ou com as piscadas de uma lâmpada, como em Parasita.

Para que a linguagem não fique confusa, a proporção é extremamente importante: um traço é igual a três pontos. Entre cada sinal (ponto ou traço), deve haver um espaço do tamanho de um ponto. Entre cada letra, um espaço do tamanho de três pontos (ou um traço). Entre as palavras, um espaço do tamanho de sete pontos. Cada telegrafista pode adotar um ritmo diferente, mas a proporção entre os sinais permite entender a mensagem. 

O Código Morse traduz cada letra em pontos e traços. (Fonte: Wikimedia Commons)

Os pontos e traços que conectaram o mundo

Em 24 de maio de 1844, Samuel Morse transmitiu a primeira mensagem a longa distância, de Washington a Baltimore, nos Estados Unidos. A frase era “What hath God wrought“, uma frase do Livro dos Números da Bíblia, que significa “O que Deus fez”. 

A primeira versão do Código Morse deixou os códigos mais simples para as letras mais usadas no idioma inglês — por isso o “E” precisa só de um ponto. Em 1865, uma união internacional fez uma nova versão, levando em conta outras línguas. Já no fim do século XIX, o italiano Guglielmo Marconi criou o telégrafo sem fio, por ondas de rádio. Com isso, o Código Morse foi adotado por cada vez mais pessoas pelo mundo, encurtando distâncias. 

Além do telégrafo em si, ele era útil para comunicação entre navios, permitindo enviar alertas e pedidos de socorro, por exemplo. Por muito tempo, pilotos e marinheiros precisavam aprender o código para desempenhar suas funções. Aliás, foi desse jeito que nasceu o SOS. A sigla não significa nada, mas é algo fácil e rápido de transmitir por Código Morse: ponto-ponto-ponto (S), traço-traço-traço (O), ponto-ponto-ponto (S). 

É interessante observar que, além do SOS, havia outros “sinais-padrão” que todos os fluentes em Código Morse sabiam. Eles foram criados para agilizar a comunicação. 

Máquina usada para transmitir Código Morse, no século XIX (Fonte: Wikimedia Commons)
Máquina usada para transmitir Código Morse no século XIX. (Fonte: Wikimedia Commons)

Em desuso, mas com um lugar na história

Com a criação de rádios mais potentes e outras formas de comunicação mais direta (por voz ou texto), nem mesmo os pilotos e marinheiros são obrigados a usar o Código Morse. Porém, essa ainda é a forma de comunicação que nunca falha quando tudo para de funcionar, inclusive a internet, pois é possível transmitir Código Morse até com uma lanterna. Muita gente já se salvou de situações desesperadoras enviando pedidos de socorro assim.

Indo além, pessoas com deficiências severas podem se comunicar pelo código, apertando só um botão — como o Tio Salamanca, na 2ª temporada de Breaking Bad — ou piscando os olhos. Uma das histórias mais impressionantes envolvendo o Código Morse envolve piscadas, diga-se de passagem.

O militar norte-americano Jeremiah Denton era prisioneiro de guerra no Vietnã e foi obrigado a fazer uma entrevista, dizendo que estava sendo bem tratado. Ele cumpriu o pedido, mas assim que a câmera focou no seu rosto, ele piscou a palavra “tortura” em Código Morse. Assim que o país ficou sabendo das condições dos prisioneiros no Vietnã. Tem vídeo disso: 

É com esse caso incrível que a gente finaliza esse texto. Por mais que o Código Morse já não seja tão necessário, ele é considerado a primeira forma de comunicação binária da história — abrindo caminho para outros métodos de comunicação digital e criptografia que usamos hoje. 

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Fonte: Revista Galileu.

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