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Pela primeira vez na história, duas mulheres ganharam, juntas, o Prêmio Nobel de Química, concedido pela Academia Real de Ciências da Suécia. As cientistas Emmanuelle Charpentier e Jennifer Doudna desenvolveram o método Crispr-Cas9, uma espécie de tesoura que permite a edição do genoma com precisão e segurança.
A técnica permite alterar o DNA de organismos, plantas e animais, inclusive, humanos. As tesouras genéticas levaram as ciências da vida a uma nova época e, de muitas maneiras, estão trazendo os maiores benefícios para a humanidade.
A ferramenta contribuiu para muitas descobertas importantes na pesquisa básica, como o desenvolvimento de plantas capazes de resistir a mofo, pragas e seca. Na Medicina, a descoberta tem ajudado no desenvolvimento de novas terapias para o câncer. Em um futuro breve, o Crisp pode ser capaz de tornar possível a cura de doenças hereditárias.
O editor de genes é uma dessas descobertas inesperadas. Emmanuelle Charpentier, especialista em patógenos, e Jennifer Doudna, bioquímica com vasto conhecimento de RNA, começaram investigando o sistema imunológico de uma bactéria, o Streptococcus bacterium, para desenvolver uma nova forma de antibiótico.
Na pesquisa, as cientistas conseguiram identificar proteínas que tinham a função de uma “tesoura genética” da bactéria, capaz de retirar o DNA introduzido por vírus em seu material cromossômico, tornando-o nulo e ineficaz. A dupla conseguiu, então, recriar o mecanismo da bactéria em um tubo de ensaio e simplificar os componentes moleculares da tesoura para que fossem mais fáceis de usar.
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A descoberta foi publicada em 2012 na revista científica Science. O texto mencionou pela primeira vez o sistema que ficou conhecido como Crispr-Cas9. Na publicação, as cientistas se restringiram à análise do método em células bacterianas, mas, ao longo dos anos, a descoberta se ampliou para a utilização em diversas formas de vida.
Crispr é a abreviatura, em inglês, para “repetições palindrômicas curtas agrupadas regularmente intercaladas” e Cas9 se refere à proteína associada ao Crispr. O sistema gerou muito entusiasmo na comunidade científica porque é mais rápido, barato, preciso e eficiente do que outros métodos de edição de genoma existentes.
Naturalmente presente em bactérias, a ferramenta captura fragmentos de DNA de vírus invasores e usam-nos para criar segmentos de DNA, conhecidos como matrizes Crispr. Os arranjos Crispr permitem que a bactéria “lembre-se” dos vírus. Se o vírus atacar novamente, a bactéria produzirá segmentos de RNA dos arranjos Crispr para atingir o DNA do vírus. Então, a bactéria usa a Cas9 ou uma enzima semelhante para cortar o DNA, o que desativa o vírus.
Preocupações éticas surgem quando a edição e alteração do genoma usando tecnologias como Crispr-Cas9 é feita em humanos. A maioria das mudanças introduzidas com a edição do genoma é limitada às células somáticas, que são aquelas diferentes de óvulos, espermatozoides e embriões.
Essas mudanças afetam apenas alguns tecidos e não são passadas de uma geração para a outra. No entanto, as alterações feitas nas células germinativas e do genoma do embrião podem ser passadas para as gerações futuras, provocando mudanças imprevisíveis.
Isso traz uma série de desafios éticos, incluindo se seria permitido usar essa tecnologia para melhorar as características humanas normais, como altura ou inteligência. Com base em preocupações sobre ética e segurança, a edição de células germinativas e do genoma do embrião é atualmente ilegal em muitos países.
Fonte: G1, Folha de São Paulo, El País, Prêmio Nobel.
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