Como interpretar uma obra de arte contemporânea?

A validação da obra contemporânea como arte depende não só da existência de um objeto, mas do reconhecimento de um fazer artístico, das intenções do autor e do significado adquirido no contexto em que está inserida. Por isso, estabelecer parâmetros para a interpretação é um desafio para críticos de arte, artistas e apreciadores. Convém lembrar que o estudo da arte, de seus conceitos, processos criativos e produção são referências para o campo da ação de projetar.

(Fonte: Pixabay)
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A análise não é exata, com métodos consolidados e um roteiro claro e preciso a ser seguido, como uma receita de bolo; entretanto, algumas perguntas podem tornar a tarefa mais simples. A primeira delas é: o que é arte contemporânea? Considerando o sentido da arte, seu contexto histórico, as intenções e os processos artísticos de seus autores, é possível interpretar as expressões modernas, em forma de pintura, dança, literatura, intervenções ou até sem um formato definido.

A arte moderna rompeu os limites estabelecidos por escolas acadêmicas, questionando formalismos, introduzindo novos temas e técnicas e aproximando as obras do cotidiano. O artista contemporâneo desconsidera as classificações convencionais ao mesmo tempo que esvazia o caráter representativo da obra para refletir sobre a própria definição de arte. Dessa forma, abandona a contemplação da natureza estética para aderir à reflexão do caráter subjetivo e do fazer artístico.

A arte contemporânea procura uma fusão da arte com a vida, com uma aproximação da cultura popular e o fomento à interatividade. O uso de materiais inovadores para as produções, como novas tecnologias e mídias, é bastante comum e difundido.

Qual é o papel do artista?

Obra da artista visual Silvia Neves em exposição no Ateliê Casa Residência, em Rio das Ostras
Obra da artista Silvia Neves em exposição no Ateliê Casa Residência. (Fonte: Ateliê Casa Residência/Divulgação)

Para uma interpretação adequada da arte contemporânea, é preciso compreender o papel do artista e de que maneira ele faz sua composição. Ainda que os espectadores possam ganhar um papel ativo e ser cocriadores de uma obra, o criador ainda é o principal executor do processo artístico.

O autor é responsável por organizar uma série de informações sobre o mundo e sentimentos particulares de forma que possam ser transmitidos para outras pessoas. Dessa maneira, o artista se torna um facilitador da experiência artística, apesar de não ser o transmissor absoluto de uma mensagem.

Com isso, ajuda a enxergar um mundo sob uma nova perspectiva, podendo até revelar verdades ocultas ou permitir que os espectadores criem suas próprias afirmações e impressões sobre a vida.

Qual é o contexto da obra?

(Fonte: Giphy)

Refletir sobre o papel do artista no processo de criação é importante para compreender a arte contemporânea, mas não é o suficiente para construir uma interpretação da obra. O contexto no qual a arte é concebida é outro fator determinante para o sentido da atividade artística.

Em uma sociedade hiperconectada com um fluxo de dados contínuo, o criador moderno é consciente de que o processo artístico produz significado por meio da interação com o contexto em que a obra está inserida. Dessa forma, como o processo se relaciona com o tempo e o espaço em que está sendo executado afeta diretamente a interpretação artística, a obra contemporânea pode estabelecer diferentes elos com a sua conjuntura.

A arte pode dialogar com fatos históricos, políticos, sociais e econômicos. O processo criativo pode, ainda, estabelecer um debate metalinguístico sobre o que é arte em si, questionando sua existência.

O cenário, portanto, oferece um material rico para que artistas e intérpretes possam estabelecer relações de sentido, para uma compreensão mais completa do significado das obras e dos processos artísticos contemporâneos.

Fonte: UOL, InfoEscola, Kriterion, Itaú Cultural, Canal do Ensino, EducaBras.

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