A validação da obra contemporânea como arte depende não só da existência de um objeto, mas do reconhecimento de um fazer artístico, das intenções do autor e do significado adquirido no contexto em que está inserida. Por isso, estabelecer parâmetros para a interpretação é um desafio para críticos de arte, artistas e apreciadores. Convém lembrar que o estudo da arte, de seus conceitos, processos criativos e produção são referências para o campo da ação de projetar.
A análise não é exata, com métodos consolidados e um roteiro claro e preciso a ser seguido, como uma receita de bolo; entretanto, algumas perguntas podem tornar a tarefa mais simples. A primeira delas é: o que é arte contemporânea? Considerando o sentido da arte, seu contexto histórico, as intenções e os processos artísticos de seus autores, é possível interpretar as expressões modernas, em forma de pintura, dança, literatura, intervenções ou até sem um formato definido.
A arte moderna rompeu os limites estabelecidos por escolas acadêmicas, questionando formalismos, introduzindo novos temas e técnicas e aproximando as obras do cotidiano. O artista contemporâneo desconsidera as classificações convencionais ao mesmo tempo que esvazia o caráter representativo da obra para refletir sobre a própria definição de arte. Dessa forma, abandona a contemplação da natureza estética para aderir à reflexão do caráter subjetivo e do fazer artístico.
A arte contemporânea procura uma fusão da arte com a vida, com uma aproximação da cultura popular e o fomento à interatividade. O uso de materiais inovadores para as produções, como novas tecnologias e mídias, é bastante comum e difundido.
Para uma interpretação adequada da arte contemporânea, é preciso compreender o papel do artista e de que maneira ele faz sua composição. Ainda que os espectadores possam ganhar um papel ativo e ser cocriadores de uma obra, o criador ainda é o principal executor do processo artístico.
O autor é responsável por organizar uma série de informações sobre o mundo e sentimentos particulares de forma que possam ser transmitidos para outras pessoas. Dessa maneira, o artista se torna um facilitador da experiência artística, apesar de não ser o transmissor absoluto de uma mensagem.
Com isso, ajuda a enxergar um mundo sob uma nova perspectiva, podendo até revelar verdades ocultas ou permitir que os espectadores criem suas próprias afirmações e impressões sobre a vida.
Refletir sobre o papel do artista no processo de criação é importante para compreender a arte contemporânea, mas não é o suficiente para construir uma interpretação da obra. O contexto no qual a arte é concebida é outro fator determinante para o sentido da atividade artística.
Em uma sociedade hiperconectada com um fluxo de dados contínuo, o criador moderno é consciente de que o processo artístico produz significado por meio da interação com o contexto em que a obra está inserida. Dessa forma, como o processo se relaciona com o tempo e o espaço em que está sendo executado afeta diretamente a interpretação artística, a obra contemporânea pode estabelecer diferentes elos com a sua conjuntura.
A arte pode dialogar com fatos históricos, políticos, sociais e econômicos. O processo criativo pode, ainda, estabelecer um debate metalinguístico sobre o que é arte em si, questionando sua existência.
O cenário, portanto, oferece um material rico para que artistas e intérpretes possam estabelecer relações de sentido, para uma compreensão mais completa do significado das obras e dos processos artísticos contemporâneos.
Fonte: UOL, InfoEscola, Kriterion, Itaú Cultural, Canal do Ensino, EducaBras.