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O levantamento Juventudes e a pandemia do coronavírus, realizado pelo Conselho Nacional de Juventude, apontou que 28% dos jovens pensam em abandonar a escola após a pandemia de covid-19, e 49% avaliam desistir do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Ao todo, 67% dos estudantes declararam que não estão conseguindo estudar para o Enem.
O problema do abandono dos estudos é crônico no Brasil. Necessidade de trabalhar, afazeres domésticos, gravidez na adolescência, falta de transporte escolar e migração estão entre os principais motivos apontados para a interrupção da frequência à escola, antes mesmo da crise sanitária.
Agora, soma-se a esses fatores, a dificuldade de acesso à internet e a dificuldade de envolver os alunos à distância. Em São Paulo, por exemplo, o estado mais rico e conectado do Brasil, menos da metade dos alunos tinha acesso ao conteúdo online em maio. Dessa forma, a falta de manutenção do vínculo com a escola durante o surto de covid-19 pode provocar o aumento do abandono escolar.
Evasão escolar no Brasil
A evasão escolar se torna mais preocupante a partir da adolescência e do ingresso no Ensino Médio, de acordo com a pesquisa PNAD Contínua 2019, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado em julho. Enquanto 99,7% das pessoas na faixa de 4 e 5 anos estão frequentando escola ou creche, menos da metade dos adultos concluíram o antigo segundo grau.
O abandono se torna mais acentuado a partir dos 15 anos de idade. Na faixa dos 14, o índice de evasão escolar é de 8,1%. Esse número quase dobra para adolescentes de 15 anos, chegando a 14,1%. Os percentuais continuam subindo partir dos 16 anos e chegam a 18%.
Dos quase 50 milhões de brasileiros entre 14 e 29 anos, mais de 20% não completaram o ensino fundamental ou médio. Entre a população adulta, cerca de 70 milhões de pessoas não concluíram o Ensino Médio. Entre as pessoas de cor branca, 43% não tinham concluído esse nível, enquanto entre pretos ou pardos, a proporção foi de 58,2%.
Prejuízo para a sociedade
O Brasil perde R$ 372 mil reais por ano por cada jovem que abandona a escola, segundo calculado por um estudo realizado pelo Instituto Ayrton Senna, em parceria com o Insper e a Fundação Roberto Marinho. Por ano, o custo da evasão escolar chega a R$ 214 bilhões, o que corresponde a 3% do Produto Interno Bruto (PIB).
O cálculo foi realizado com base na redução das possibilidades de emprego, renda e retorno para a sociedade das pessoas que não concluem a educação básica. Os jovens com educação básica completa passam, em média, mais tempo de sua vida produtiva ocupados e em empregos formais, com maior remuneração.
Além disso, o estudo aponta que a evasão representa uma perda de 26% do valor da vida de um jovem. Jovens com educação básica vivem quatro anos de vida a mais que aqueles que não terminaram a escolaridade e, ainda, tendem a ter um menor envolvimento em atividades violentas, como homicídios.
Como combater a evasão escolar na pandemia?
Durante a interrupção das aulas presenciais, é necessário assegurar o acesso de todos às atividades de ensino remoto, com um acompanhamento diário e constante da participação dos alunos, com atenção especial aos mais vulneráveis. Os canais de comunicação devem estar sempre abertos entre a escola, os estudantes e os pais.
No retorno às aulas, a continuidade da busca ativa escolar é uma das principais estratégias de enfrentamento ao cenário de evasão. Além disso, deve-se estruturar bem um plano do retorno das atividades pós-pandemia, pensando como os alunos serão avaliados, como será a recuperação dos que apresentarem defasagem de aprendizagem, e como serão repostas as aulas perdidas, entre outros fatores.
Fonte: Carta Capital, BBC, Agência Senado, Congresso em Foco e Instituto Unibanco.