Guerra na Ucrânia: entenda os impactos ambientais do conflito

Os impactos ambientais serão mais um legado terrível do conflito entre Rússia e Ucrânia. Além da devastação nos cenários das batalhas, os problemas no meio ambiente poderão ser sentidos em todo o planeta, durante décadas.

Mais de mil pessoas e organizações de 75 países emitiram uma carta aberta, por meio da Associação de Construção da Paz Ambiental, para expressar sua solidariedade à Ucrânia, que enfrenta ataques da Rússia, e sua preocupação com o custo ambiental e humanitário da guerra.

O documento afirma que os ataques a locais civis e militares estão causando poluição do ar, do solo e da água, especialmente em um país tão fortemente industrializado. A guerra ameaça a segurança alimentar da população da Ucrânia e de outros países que dependem do trigo e milho ucranianos.

Impactos ambientais locais

(Fonte: Pexels/Pixabay/Reprodução)

Mesmo quando a destruição ambiental não é deliberada, a guerra pode causar danos profundos. Soldados cavam trincheiras, tanques aplainam a vegetação, bombas marcam paisagens e explosivos provocam incêndios. As armas expelem gases tóxicos e partículas no ar, além de provocar o vazamento de metais pesados no solo e na água.

A Ucrânia tem 35% da biodiversidade da Europa, com mais de 70 mil espécies raras e endêmicas de flora e fauna. Cerca de 16% da área terrestre da Ucrânia são cobertos por florestas. Em 2020, as explosões da artilharia provavelmente causaram incêndios e queimaram 20 mil hectares de florestas na região de Luhansk.

Cerca de 44% dos territórios de parques nacionais e reservas naturais da Ucrânia estão na zona de guerra. Entre eles, a Reserva da Biosfera do Mar Negro, no sul ucraniano, que está ocupado pela Rússia. O local é reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) como um paraíso para as 120 mil aves migratórias.

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Risco nuclear

(Fonte: Pexels/Wendelin Jacober/Reprodução)

A Ucrânia opera 15 reatores nucleares em quatro lugares diferentes. É possível que, mesmo que um reator seja danificado, possa ocorrer um segundo desastre da Usina de Chernobyl. Foguetes disparados por soldados russos na usina nuclear de Zaporizhzhia quase causaram um desastre nuclear.

Os detritos e a radiação liberados podem se espalhar por milhares de quilômetros e resultar em muitos problemas de saúde (como câncer de tireoide) não apenas na Ucrânia, mas também nos países mais próximos.

Danos menores, mas não menos preocupantes, já foram registrados. Há relatos de incêndios florestais causados por mísseis perto da instalação nuclear de Chernobyl, que fizeram o material radioativo entrar na atmosfera. Duas instalações ucranianas contendo lixo nuclear sofreram danos em meio à invasão da Rússia.

Desastre global

(Fonte: Flickr/manhhai/Reprodução)

Os combates militares geram emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE). As instalações de petróleo e gás em Kharkiv, por exemplo, estão sob fogo pesado desde o início da guerra, liberando enormes quantidades de emissões de gases de efeito estufa e outros contaminantes na atmosfera que dificultam a respiração.

A reconstrução, quando vier, terá um custo de carbono adicional e significativo, tornado necessário pelo conflito. A guerra também tem custos de oportunidade, pois os fundos e as prioridades mudam da conservação para a sobrevivência humana.

O conflito provocou uma alta global na cotação de petróleo e gás. Por um lado, o preço mais caro pode ajudar a reduzir o consumo. No entanto, se mantidos, incentivarão mais exploração e produção de depósitos de combustíveis fósseis menos econômicos e mais poluentes.

O isolamento da Rússia e qualquer tensão geopolítica podem se traduzir em dificuldades para avançar nos acordos ambientais multilaterais em um momento que as ações para conter o aquecimento global são urgentes.

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Fontes:
NPR, União Europeia, Global Citizen, Conflict and Environment Observatory (Ceobs), New York Times, Green European Journal, Associação de Construção ad Paz Ambiental

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