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Cerca de três semanas após o fim das Olimpíadas de Tóquio, os olhares do mundo se voltam para a capital japonesa novamente, em outro evento esportivo global: os Jogos Paralímpicos de Tóquio. Trata-se de uma competição com disputas de alto nível e emoções semelhantes às das olimpíadas que acabamos de assistir. A diferença é que os atletas têm deficiências.
Os esportes passam por algumas adaptações nas regras para atender aos esportistas — o basquete em cadeira de rodas ou o atletismo com guias para cegos são alguns exemplos. Além disso, há modalidades únicas dos jogos paralímpicos, como o goalball, criada para atletas cegos: em times de três, eles precisam acertar uma bola com chocalho na rede do outro lado da quadra.
Porém, entre adaptações e esportes específicos, a competitividade nas paralimpíadas é tão grande ou maior do que nas olimpíadas. A deficiência não muda o fato de que são atletas de alto nível e muito dedicados a seus esportes. Mas como a ideia de um evento esportivo global para esportistas com deficiência surgiu?
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Ainda hoje, não é raro ver pessoas que subestimam as capacidades das PCDs (pessoas com deficiência), acreditando que elas não podem viver uma vida normalmente. Trabalhar, estudar, ter uma vida social e afetiva e — por que não? — praticar esportes. Essas ideias preconcebidas sobre as habilidades das PCDs são chamadas de capacitismo.
Há mais de sete décadas, quando a Segunda Guerra Mundial havia recém-terminado, isso era um problema ainda maior. Até porque havia um número muito maior de pessoas que perderam membros e ficaram com sequelas nos combates. Em vista disso, o neurologista alemão Ludwig Guttmann resolveu fazer uma competição de tiro com arco, para auxiliar na recuperação e na autoestima das PCDs que ele tratava no hospital de Stoke Mandeville (Inglaterra).
A competição teve início no mesmo dia em que as Olimpíadas de Londres, em 1948, a cerca de 50 quilômetros dali, sendo o embrião do que se tornariam os jogos paralímpicos.
Guttmann — um neurologista alemão que trabalhava em um hospital judeu e fugiu para o Reino Unido com o início da Segunda Guerra — acreditava no esporte como ferramenta para reabilitar pessoas com deficiências. Por isso, lutou para que os Jogos de Stoke Mandeville crescessem. Em 1952, equipes da Holanda foram à Inglaterra, na primeira edição internacional do evento. Então, mais e mais países começaram a mandar representantes nos anos seguintes.
Esse movimento continuou até 1960, quando Guttmann conseguiu realizar a primeira edição dos Jogos de Stoke Mandeville fora dessa localidade: o evento foi levado para Roma, a mesma cidade que sediaria as olimpíadas daquele ano. Essa é considerada a primeira edição oficial dos jogos paralímpicos: 400 atletas de 23 países competiram em oito modalidades.
Embora, em 1964, Tóquio também tenha sediado as paralimpíadas e as olimpíadas na mesma cidade, isso demorou para acontecer novamente. Várias outras cidades-sedes alegaram que não tinham estrutura ou acessibilidade para receber os atletas com deficiência. Outros locais se ofereciam para receber as paralimpíadas — como Tel Aviv, em 1968, e Arnhem/Holanda, em 1980 — mas isso só demonstrava como o evento ainda não tinha o prestígio que merecia.
Isso começou a mudar depois dos Jogos de Seul 1988, quando foi criado o Comitê Paralímpico Internacional, paralelo ao COI. A partir disso, foi definido que as mesmas cidades deveriam abrigar os dois eventos. Seul 1988 foi a primeira edição em que os atletas com deficiência puderam competir nas mesmas instalações e com os mesmos recursos que seus colegas das olimpíadas.
Com os esforços do Comitê Paralímpico Internacional, o evento cresceu bastante nos últimos 30 anos. Nas Paralimpíadas de Tóquio, 163 países levaram 4520 atletas para competir em 22 esportes, com mais de 500 medalhas em disputa. Há categorias para atletas com deficiência física, visual ou intelectual — todas com grande nível de competição e estratégias de vitória.
Esse é um dos pontos mais importantes que os espectadores sem deficiência precisam ter em mente sobre os jogos paralímpicos. Os atletas não são “inspirações”, “exemplos de superação” ou “pessoas especiais”, falar desse modo é condescendente e capacitista. Quando assistimos às paralimpíadas, vemos atletas de alto rendimento dando seu melhor em seu esporte e é por isso que eles merecem nossa admiração, assim como os esportistas olímpicos.
Em vista disso, os jogos paralímpicos podem ser uma ótima oportunidade para discutir visões preconceituosas sobre as PCDs na escola, com crianças e adolescentes. Além disso, pode ser uma ótima reflexão para acadêmicos de Educação Física: que tal atuar no paradesportos?
Para concluir, um fato para nos deixar com orgulho: o Brasil é uma potência paralímpica, terminando a Rio 2016 com 14 ouros — sempre ficamos no Top 10 do quadro de medalhas. Um grande motivo para nos orgulhar!
Fonte: Comitê Paralímpico Internacional.