4 conflitos geopolíticos que você precisa entender

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Se você quer se destacar no vestibular, precisa conhecer o universo ao redor, a começar pelos grandes conflitos geopolíticos do mundo. Para entender alguns deles, o blog da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) convidou o professor Sergio Ribeiro Santos, coordenador do curso de História da instituição, para explicar os quatro embates mais estudados.

1. Guerra do Paraguai

Ilustração da Guerra do Paraguai em jornal parisiense do século XIX. (Fonte: Shutterstock)

O Brasil ocupou um papel importante nesse conflito que teve na disputa do uso dos recursos naturais sua principal razão. Brasil, Uruguai e Argentina compuseram a Tríplice Aliança e, entre 1864 e 1870, promoveram uma luta feroz contra o Paraguai.

“Quem controla as rotas comerciais acaba por dominar o comércio e ter vantagens econômicas importantes”, diz Santos, por isso a disputa pela Bacia do Rio Prata foi um marco para o Paraguai, que teve sua população masculina dizimada. Relatos historiográficos contam que até mesmo meninos foram levados para a guerra pelo general Solano Lopes.

“Muitos historiadores alegam que essa guerra foi financiada pela Inglaterra, que tinha interesses na região. No decorrer do século XX, muitos outros conflitos foram financiados por países do norte global, a exemplo das ditaduras da América Latina”, lembra o professor.

2. Guerra da Coreia

Monumento em Seul em homenagem aos combatentes da Guerra da Coreia. (Fonte: Shutterstock)

Até 1945, a Coreia era dominada pelos japoneses. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, no entanto, o território passou a ser disputado pelas novas potências, e um conflito armado com uma série de desdobramentos mobilizou os Estados Unidos, de um lado, e a China e a União Soviética, de outro.

Após uma negociação tensa por parte da Organização das Nações Unidas (ONU), houve um cessar-fogo que garantiu que o conflito fosse amenizado, mas nenhum dos países assinou um Tratado de Paz. É por isso que, embora poucas pessoas saibam, a Coreia do Norte e a Coreia do Sul estão em guerra até hoje, tecnicamente.

Para se ter ideia da dinâmica dessa disputa, a atual capital da Coreia do Sul (Seul) chegou a trocar de “direção” quatro vezes em poucos anos: ora era tomada pelos comunistas, ora pelas forças ianques. E o conflito ideológico segue até hoje; a Coreia do Sul é uma potência econômica enquanto os nortistas são temidos belicamente.

3. Genocídio de Ruanda

Hotel usado como abrigo por tutsis foi palco de um filme que contou a história. (Fonte: Shutterstock)

A África tem uma história marcada por conflitos e levantes; a Primavera Árabe, por exemplo, teve enorme proporção e foi bastante recente. Muitas dessas tensões tiveram origem étnica, a exemplo do massacre que os hutus promoveram sobre os tutsis, no genocídio que causou centenas de milhares de mortes em Ruanda em um contexto complexo que passa pela atuação dos impérios europeus na região.

Por meio de políticas imperialistas, os países ricos do norte global anexaram terras africanas e as tornaram colônias. Ocorre que a divisão desses territórios não respeitou a dinâmica originária, então grupos étnicos passaram a conviver na mesma nação e, sob o governo de um dos grupos, houve guerras em diversos países.

“O conflito de hutus e tutsis em Ruanda é apenas um exemplo. Na África, sobretudo na parte oriental, há uma série de disputas semelhantes, especialmente nas repúblicas recentemente estabelecidas”, comenta Santos.

4. Guerra comercial entre China e Estados Unidos

Se antes o território era o centro de tensões geopolíticas, hoje são os fatores tecnológicos, a exemplo do 5G. (Fonte: Shutterstock)

Mesmo sem haver uma guerra nos termos tradicionais, a “Nova Guerra Fria” entre China e Estados Unidos tem impactos significativos. Um exemplo disso são as sanções econômicas; quando esses países decidem fechar negociação com uma nação e com qualquer país que negocie com ela, acaba-se por gerar uma guerra comercial com resultados severos.

Para Santos, “os diplomatas têm um papel importante, mesmo porque têm mais repertório de argumentação, mas a disputa costuma se dar em torno da movimentação do poder financeiro”. No caso dos Estados Unidos e da China, não se deve ver esses países deixando de negociar entre si, e sim disputando o comércio internacional com políticas agressivas. E isso deve passar, cada vez mais, por uma briga de tecnologias e patentes.

“Joe Biden tende a seguir a linha estabelecida: defender os interesses do país, tensionando até o limite. A China também, uma vez que tem uma produção gigantesca e um mercado interno enorme. Então deve haver uma negociação dura nos próximos anos”, avalia o professor.

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