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Louise Elisabeth Glück, vencedora do Prêmio Nobel de Literatura de 2020 foi aclamada como uma das poetisas mais proeminentes da literatura contemporânea americana desde a publicação de seu primeiro livro em 1968. Ao longo de sua carreira, a escritora coleciona outros reconhecimentos importantes, como o Pulitzer (1993) e o Prêmio Nacional do Livro (2014).
A poeta nasceu em 1943, na cidade de Nova York. Seus avós paternos eram judeus húngaros que migraram para os Estados Unidos, onde abriram uma mercearia. Seu pai queria ser escritor, mas nunca realizou o sonho, e sua mãe lutou para frequentar a universidade antes de a educação feminina ser aceita.
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Quando adolescente, Glück desenvolveu anorexia nervosa. Ela descreveu a doença, em um ensaio, como o resultado de um esforço para afirmar sua independência de sua mãe. Em outro lugar, ela relacionou sua doença à morte de uma irmã mais velha, um evento que ocorreu antes de seu nascimento.
Durante seu último ano no Ensino Médio, começou o tratamento psicanalítico e abandonou os estudos para se concentrar em sua reabilitação. Por isso, não se matriculou na faculdade. Em vez disso, frequentou cursos livres de poesia em universidades.
Obra
Glück começou a escrever poesia bem cedo. A infância, a vida familiar, a relação próxima com pais e irmãos são temáticas que permaneceram central para ela. Em seus poemas, o eu lírico escuta o que resta de seus sonhos e delírios, buscando o universal e partindo de mitos clássicos.
A autora publicou 12 coleções de poemas e alguns volumes de ensaios. Seus poemas também estão em livros, como Firstborn, (1968), The house on marshland (1975), The garden (1976), Descending figure (1980), The triumph of Achilles (1985) e Ararat (1990). Seus destaques mais recentes são Faithful and virtuous night (2014) e Poems 1962-2012 (2012).
A poetisa ainda não foi traduzida para o português, mas a coluna Estado da Arte, mantida pelo Estadão e assinada pelo poeta Pedro Gonzaga, publicou a tradução de dois poemas de Glück, os quais apresentamos abaixo.
Gratidão
Não pense que não sou grata por tuas pequenas
gentilezas.
Gosto de pequenas gentilezas.
De fato as prefiro a gentileza mais
substancial, que está sempre a te cravar os olhos,
feito um grande animal sobre o tapete
até que tua vida inteira se reduza
a nada além de levantar manhã após manhã
embotada, e o Sol luminoso rebrilhando em seus caninos.
Ítaca
O ser amado não
precisa viver. O ser amado
vive na cabeça. O tear
é para os pretendentes, suspenso
como uma harpa de brancos filamentos.
Ele era duas pessoas.
Era corpo e voz, o fácil
magnetismo de um homem vivo, e então
o sonho revelado ou a imagem
formada pela mulher manejando o tear,
ali sentada num salão cheio
de homens de mentes literais.
Se te causa pena
o mar enganado que tentou
levá-lo para sempre
e devolveu apenas o primeiro,
o verdadeiro marido, deverias
sentir pena desses homens: eles não sabem
para o que estão olhando;
eles não sabem que quando alguém ama dessa maneira
o manto se torna um vestido de casamento.
Fonte: Estado da Arte, Superinteressante, G1, Prêmio Nobel, Wikimedia