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Praticamente todos os vestibulandos e universitários estão familiarizados com o termo trote, mas você já ouviu falar em trote solidário? Esse ritual de passagem para a entrada no ensino superior é realizado no início do ano letivo, mas é caracterizado por substituir práticas que podem ser vexatórias ou violentas por ações de cooperação que ajudem alguma causa social.
De acordo com uma pesquisa realizada pela Fundação Educar, no ano 2000 cerca de 55% das instituições de educação no Brasil já estavam desenvolvendo iniciativas de trote solidário; 42% tiveram trotes tradicionais, mas sem violência, e em 4% delas houve algum tipo de agressão.
Com os trotes solidários, calouros e veteranos podem se integrar em um ambiente saudável em que todos trabalham em conjunto para um bem maior. Muito melhor, não é mesmo?
História do trote
O primeiro trote do mundo aconteceu na Universidade de Paris, em 1342. Naquela época, os calouros não assistiam às aulas nas mesmas salas que os veteranos, mas sim nos vestiários da instituição. Já em 1491, na Alemanha, os alunos da Universidade de Heidelberg tinham seus cabelos raspados e eram forçados a beber vinho com urina.
O termo trote surgiu em referência ao movimento dos cavalos, que deveriam aprender a trotar, assim como o calouro deveria aprender com os veteranos como se comportar na faculdade.
Vantagens do trote solidário
O trote solidário começou a se popularizar no início dos anos 1990, quando muitos setores da sociedade passaram a incentivar que ações sociais substituíssem as situações humilhantes que faziam parte da antiga tradição. E isso é bom para todos: instituições sociais são beneficiadas por ações realizadas pelos universitários, que por sua vez participam de atividades para conhecer os colegas fazendo o bem; as instituições de ensino incentivam a cidadania solidária e a sociedade ganha cidadãos com empatia e preocupados com a coletividade.
Além disso, quem participa dos trotes solidários pode até mesmo ganhar prêmios. Desde 1999, a Fundação Educar DPaschoal realiza o Trote da Cidadania, uma competição que tem como principal missão engajar os estudantes em ações cidadãs. Os calouros podem inscrever projetos de trotes solidários na categoria Livre ou Livro, focada em promover o incentivo à leitura.
Em entrevista à Globo Universidade, a supervisora de projetos da fundação, Marina Carvalho, contou como o Trote da Cidadania funciona. “Recebemos por ano cerca de 70 projetos que são avaliados por uma comissão. Premiamos os 3 finalistas de cada categoria com um workshop de empreendedorismo e inovação pago pela nossa instituição”, explicou.
Exemplos de trotes solidários
Existem inúmeras formas de engajar calouros e veteranos em trotes solidários. O Trote da Cidadania, por exemplo, surgiu quando os alunos da Unicamp se uniram em 2003 para realizar atividades em uma cooperativa de reciclagem da comunidade. Gabriel Akaishi, estudante de Engenharia Mecânica, contou à Globo Universidade que os estudantes tiveram um impacto positivo nas ações dos trabalhadores da cooperativa.
“Os moradores reclamavam que o lixo atraía insetos, então os alunos mostraram que era importante lavar caixas e garrafas antes de mandar para reciclagem. O projeto cresceu e hoje temos 38 cursos (nosso campus tem 40 cursos) participando de várias atividades solidárias, como visitas a orfanatos, asilos e cooperativas. Eu mesmo, quando entrei na universidade, visitei duas cooperativas”, revelou Akaishi.
Já alunos, professores e outros colaboradores da Faculdade da Indústria IEL, em Curitiba (PR), arrecadaram mais de mil quilos de alimentos para doarem para casas de repouso de idosos, além de 35 quilos de ração para uma instituição que acolhe animais abandonados. Eles também participaram de uma ação de doação de sangue.
Trabalho voluntário em instituições, arrecadação de alimentos e roupas, doação de sangue ou de medula e palestras educativas são apenas algumas das diversas alternativas ao trote tradicional. Durante a realização dessas ações, os calouros têm a oportunidade de se integrar à universidade, fazer novas amizades e criar uma corrente do bem que beneficiará a todos.