A organização Global Footprint Network anuncia todo ano o dia de sobrecarga da Terra. Esse dia marca a data em que foram consumidos todos os recursos que o planeta poderia produzir naquele ano. Em 2021, a data foi 29 de julho.
Os dados do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC na sigla em inglês) da ONU também são preocupantes. A atividade humana já elevou a temperatura do planeta em 1,07 ºC com previsão de alcançar entre 1,5 ºC e 2 ºC ainda neste século.
Nesse cenário, têm surgido diversas iniciativas para mudar o modo como vivemos e consumimos. Uma delas é a redução da carga laboral. Segundo Alice Martin, chefe de trabalho e remuneração da New Economics Foundation, reduzir o número de horas trabalhadas gera queda nas emissões de carbono. Uma diminuição de 20% reduz a mesma porcentagem nas emissões de carbono, principalmente pela diminuição com o deslocamento e com o consumo de energia elétrica.
Menor jornada de trabalho gera mais saúde
Além dos benefícios para o meio ambiente, a medida traz vantagens para o bem-estar dos trabalhadores, e sem gerar perdas na produtividade. Foi o que mostrou uma pesquisa feita na Islândia com 2,5 mil funcionários — cerca de 1% da população ativa do país — entre 2015 e 2019 e conduzida pelo governo nacional e pela Câmara Municipal de Reykjavik.
No mesmo sentido, uma pesquisa da Henley Business School, no Reino Unido, mostrou que dentre os funcionários pesquisados que adotaram uma jornada de 4 dias por semana, três quartos estavam mais felizes (78%), menos estressados (70%) e tiravam menos dias de folga (62%). Uma pesquisa global da International Workplace Group (IWG), publicada em 2019, revelou que 83% dos profissionais são mais produtivos em uma rotina flexível.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou que trabalhar mais de 55 horas por semana aumenta em 17% o risco de morrer de doença cardíaca, e em 35% o risco de ter um acidente vascular cerebral em comparação com uma semana de 35 a 40 horas.
Países com menor carga de trabalho
A diminuição da carga horária também é vista como uma maneira de combater o desemprego e reter talentos nas empresas. Vários países europeus já têm jornadas de trabalho reduzidas, segundo a Organisation for Economic Co-operation and Development (OECD). Veja alguns deles e o valor aproximado do salário (que deve ser analisado em comparação ao custo de vida no local).
- 1° Holanda — Carga horária semanal média de 29,2 horas e o salário mensal médio é equivalente a R$ 17.155.
- 2° Dinamarca — Carga horária semanal média de 32,4 horas e o salário mensal médio é equivalente a R$ 21.488.
- 3° Alemanha — Carga horária semanal média de 34,4 horas e o salário mensal médio é equivalente a R$ 14.473.
- 4° Suíça — Carga horária semanal média de 34,4 horas e o salário mensal médio é equivalente a R$ 7.800.
- 5° Irlanda — Carga horária semanal média de 34,9 horas e o salário mensal médio é equivalente a R$ 17.287.
- 6° Áustria — Carga horária semanal média de 35,5 horas e o salário mensal médio é equivalente a R$ 15.696.
- 7° Itália — Carga horária semanal média de 35,6 horas e o salário mensal médio é equivalente a R$ 10.719.
- 8° Austrália — Carga horária semanal média de 35,7 horas e o salário mensal médio é equivalente a R$ 18.671.
- 9° Suécia — Carga horária semanal média de 29,2 horas e o salário mensal médio é equivalente a R$ 17.155.
- 10° França — Carga horária semanal média de 36,1 horas e o salário mensal médio é equivalente a R$ 13.804.
No Brasil a realidade ainda é bem diferente. O brasileiro trabalha em média 40 horas semanais para uma remuneração mensal de R$ 1.298. Apesar da desigualdade com os países europeus, o Brasil ainda tem uma das menores cargas horárias da América Latina. No continente, o número chega a 48 horas trabalhadas. Vale a pena notar que os dados não consideram o trabalho informal.
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Fonte: G1, BBC, Startse, Exame, Infomoney, Consumidor Moderno, OECD, GZH, Carreira de TI.