Número de mulheres no mercado de trabalho cai durante a pandemia

A pandemia aumentou drasticamente o índice de desemprego e reduziu a presença feminina no mercado de trabalho. Segundo os últimos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, o índice de inatividade entre mulheres a partir de 14 anos de idade subiu para 45,8% — o pior cenário desde os anos 1990.

Para entender o fenômeno é necessário compreender os problemas estruturais que cercam a participação da mulher no espaço corporativo. A desigualdade social não é uma novidade e se expressa também na questão de gênero, fazendo que a presença feminina no mercado de trabalho esteja sempre em risco, além de ter remuneração e condições de trabalho inferiores às masculinas. 

Isso se tornou um fator ainda mais presente durante a pandemia. Em grande medida, a situação se deve à sobrecarga ligada a tarefas domésticas, o que tem levado mulheres à inatividade (quando não estão trabalhando nem buscando uma nova ocupação).

Mulheres ainda são as responsáveis pelo cuidado

Antes da pandemia, era comum que mulheres tivessem dupla jornada, considerando as tarefas do lar e profissionais; agora, resta o desemprego. (Ekaterina Bolovtsova/Pexels)
Antes da pandemia, era comum que mulheres tivessem dupla jornada, considerando as tarefas do lar e profissionais; agora, resta o desemprego. (Ekaterina Bolovtsova/Pexels)

A pesquisa Sem parar: o trabalho e a vida das mulheres na pandemia, organizada pela plataforma Gênero e Número, aponta que metade das mulheres passou a se responsabilizar pelos cuidados de alguém durante a crise sanitária. 

No home office, as horas dedicadas por elas às tarefas domésticas aumentaram de forma significativa, dificultando, e muitas vezes impossibilitando, o desempenho profissional. Nesse sentido, o fechamento de escolas e creches foi um agravante. 

O que dizem os números

Os setores mais prejudicados durante a pandemia são ocupados, em sua maioria, por mulheres (Cottonbro/Pexels)
Os setores mais prejudicados durante a pandemia são ocupados, em sua maioria, por mulheres. (Cottonbro/Pexels)

Diante desse quadro, muitas mulheres viram a necessidade de abandonar o emprego e assumir ativamente outras funções, dada a urgência da situação. Segundo um estudo do Datafolha de agosto de 2020, apenas 21% dos homens que começaram a trabalhar de forma remota afirmaram terem acumulado a maior parte dos afazeres domésticos, enquanto o percentual feminino foi de 57%.

É interessante observar que, de acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), os setores mais afetados no período de isolamento eram ocupados principalmente por mulheres. A área com maior queda de população durante a pandemia foi a de alojamentos e alimentos, com 51%; desses trabalhadores, 58% são mulheres. 

Pode-se destacar também outros setores, como o de serviços domésticos, com 85,7% de ocupação feminina e 46,2% de queda; e o de educação, saúde e serviços sociais, que sofreu perda de 33,4% de profissionais, com mulheres representando 76,4% dos colaboradores da área.

O futuro do trabalho feminino

A reversão dos efeitos da pandemia no mercado de trabalho pode depender de muitos fatores
A reversão dos efeitos da pandemia no mercado de trabalho pode depender de muitos fatores. (Liza Summers/Pexels)

Diante disso, é possível entender um pouco melhor as razões por trás da diminuição da parcela feminina no mercado de trabalho, como apontado nos dados da Pnad Contínua. Mas o que esperar das consequências de um tempo longo de inatividade comercial? Para Ana Luiza Barbosa, pesquisadora do Ipea, os efeitos desse fenômeno devem variar de acordo com o tipo de trabalho e de vínculo empregatício e estão relacionados diretamente com o nível de escolaridade e de renda das trabalhadoras.

De toda forma, é importante que as mulheres encontrem portas abertas não apenas fora de casa, com mais vagas de emprego, mas também junto a parceiros e familiares homens, que devem dividir igualmente as tarefas de manutenção do lar.

Quer potencializar sua carreira? Comece uma pós-graduação no Mackenzie!

Fonte: Infomoney, Estadão, O Globo, Folha e Estudo Mulheres na Pandemia.

42330cookie-checkNúmero de mulheres no mercado de trabalho cai durante a pandemia