Professores e funcionários de escolas estão acostumados a conviver com crianças que têm dificuldades para se concentrar, sintomas de hiperatividade e que não conseguem acompanhar as atividades com um boa aproveitamento pedagógico. Em alguns casos, basta estruturar a rotina e desenvolver bons hábitos de estudo, para que ocorram mudanças no comportamento. Em outros, no entanto, essas dificuldades podem ser sintomas de distúrbios do neurodesenvolvimento.
Distúrbios do neurodesenvolvimento são condições neurológicas que interferem na aquisição, e construção de habilidades como atenção, memória, linguagem e interação social. O desenvolvimento da criança acaba sendo afetado por uma série de consequências do distúrbio, e ela pode ter dificuldades na escola e/ou na interação social.
Quem convive ou trabalha com crianças precisa conhecer esses distúrbios para possibilitar o desenvolvimento das potencialidades da criança e não difundir pensamentos equivocados. Afinal, muitas com esse quadro são taxadas como preguiçosas ou incapazes, rótulos que podem causar consequências por toda a vida.
Abaixo, conheça alguns dos distúrbios do neurodesenvolvimento mais comuns.
Transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH)
O TDAH consiste em falta de concentração e/ou excesso de hiperatividade e impulsividade, que não condizem com o comportamento regular de uma criança e interferem no cotidiano da criança, seja acadêmico u social. Esse distúrbio acompanha criança desde o nascimento, mas costuma ser percebido quando a criança começa a frequentar a escola.
Algumas crianças têm dificuldades de acompanhar atividades que exigem concentração prolongada ou não conseguem completar tarefas. O diagnóstico é feito a partir da observação clínica, avaliação psicológicae de questionários preenchidos por pais e professores.
Já o tratamento costuma ser feito de forma abrangente, com um planejamento de rotina dentro e fora da escola, além de auxílio técnico dos professores. Em alguns casos, é necessário utilizar medicamentos psicoestimulantes.
Transtornos do Espectro Autista (TEAs)
Os indivíduos com TEAs apresentam uma série de características que fazem com que a criança tenha dificuldades para desenvolver relacionamentos sociais e utilizar a linguagem, além de apresentarem comportamentos repetitivos. Algumas pessoas do espectro autista também se sentem sobrecarregadas por estímulos auditivos e visuais, tornando a convivência em sala de aula muito difícil.
O diagnóstico é feito por meio da observação de profissionais da saúde, bem como pais e outros cuidadores. O tratamento depende de como o autismo se manifesta na criança em questão. Como se trata de um espectro com comportamentos e intensidades diferentes, quem tem TEA pode ser diagnosticado tardiamente, algumas vezes, só na fase adulta.
Distúrbios de aprendizagem
Os distúrbios de aprendizagem são dificuldades para adquirir ou reter informações, que influenciam na atenção, na memória e no raciocínio, afetando o desempenho acadêmico. Eles são normalmente percebidos por professores, que devem criar planos específicos de aprendizagem para cada caso. Alguns distúrbios de aprendizagem são:
- Dislexia: afeta a capacidade de ler e escrever. A criança costuma apresentar dificuldades na discriminação dos sons das letras, leitura lenta e dificuldades na compreensão dos sons das letras, leitura lenta e dificuldade na compreensão de textos, além de dificuldades na escrita;
- Déficit de processamento auditivo: a criança apresenta audição normal, mas não ouve bem. Isso ocorre porque o cérebro tem dificuldade para processar informações auditivas.
- Discalculia: distúrbio que afeta a capacidade de desenvolver o raciocínio lógico-matemático por apresentar prejuízo na aprendizagem dos princípios da matemática, como a noção de quantidade. A criança pode ter dificuldade de contar números em sequência, compreender valores financeiros etc.
Deficiência intelectual
A deficiência intelectual é uma condição que afeta o desenvolvimento de diferentes funções cognitivas, levando o indivíduo a apresentar desempenho intelectual abaixo da média desde o nascimento. Além disso, esse prejuízo global das funções que juntas caracterizam a inteligência causam limitações para para realizar atividades cotidianas, prejudicando a autonomia dessas crianças em situações como. brincar, conversar ou aprender.
Normalmente, os pais só percebem essas limitações quando a criança vai para a pré-escola e começa a conviver com crianças da mesma idade. O diagnóstico é feito por meio de avaliação psicológica, que leva em consideração todo o histórico de vida da criança e a utilização de testes de inteligência e questionários comportamentais. O tratamento depende das necessidades de cada criança, mas comumente é sugerido a participação em oficinas de estimulação cognitiva e o treino de habilidades funcionais, que visam a autonomia e a inserção na sociedade..
Síndrome de Rett
Entre os distúrbios do neurodesenvolvimento vistos até aqui, esse é o mais raro: afeta o desenvolvimento depois do período de 6 meses e ocorre quase que exclusivamente em meninas. Os sintomas envolvem declínio das habilidades sociais e da fala.
A síndrome pode ser diagnosticada a partir de observação médica e exames genéticos, já que é causada por uma mutação genética. O tratamento é feito com uma abordagem multidisciplinar, contando também com apoio educacional.
Estudar e se aprofundar nesse assunto faz muita diferença para quem trabalha com crianças, especialmente educadores. Assim, os pequenos podem ter a assistência de que precisam para se desenvolverem da melhor maneira possível.